BlackRock faz aquisição de US$ 12,5 bi para ampliar aposta em alternativos

Compra da Global Infrastructure Partners, que administra US$ 100 bilhões, é a maior da gestora desde aquisição do Barclays Global Investors em 2009

Por

Bloomberg — A BlackRock (BLK) concordou em comprar a Global Infrastructure Partners, de Adebayo Ogunlesi, por cerca de US$ 12,5 bilhões, colocando a maior gestora de recursos do mundo na lista de opções para investidores que fazem apostas de longo prazo em energia, transporte e infraestrutura digital.

A gestora pagará US$ 3 bilhões em dinheiro e cerca de 12 milhões de ações, no valor de aproximadamente US$ 9,5 bilhões no fechamento de quinta-feira (11), e o acordo deve ser concluído no terceiro trimestre. Ogunlesi, ex-executivo do Credit Suisse que é presidente e CEO da GIP, se juntará ao conselho e comitê executivo global da BlackRock.

A aquisição da GIP, que administra US$ 100 bilhões, é o maior negócio da BlackRock em mais de uma década e um passo importante do CEO Larry Fink para transformar a empresa em um grande player no mercado de ativos privados e alternativos.

“A necessidade sem precedentes de nova infraestrutura – para infraestrutura digital, para hubs logísticos aprimorados e para descarbonização e segurança energética – aliada a déficits governamentais recordes significa que o capital privado será mais necessário como nunca”, disseram Fink e o presidente da BlackRock, Rob Kapito, em um memorando aos funcionários.

“Esta será uma das áreas de crescimento mais rápido de nossa indústria nos próximos 10 anos.”

O acordo, anunciado em um comunicado nesta sexta-feira (12), juntamente com os resultados do quarto trimestre da BlackRock e uma significativa reorganização de gestão, foi a maior aquisição da empresa desde sua compra do Barclays Global Investors em 2009, colocando a gestora no caminho para se tornar a maior fornecedora de fundos de índice negociados em bolsa (ETFs).

Fink, 71 anos, construiu a BlackRock principalmente com base na aposta de que investidores grandes e pequenos optariam por acessos mais baratos para investir em índices de empresas públicas em vez de pagar por gestores de ações.

O acordo com a GIP marca uma nova convicção de que as maiores instituições pagarão taxas mais altas para investir em fundos ilíquidos que apoiam projetos complexos e importantes.

A BlackRock também busca se posicionar como um balcão único para uma ampla gama de opções de investimento, incluindo ativos alternativos que estão em maior demanda por clientes institucionais, como fundos de pensão, endowments e fundos soberanos.

Embora os alternativos representem atualmente cerca de 3% dos ativos sob gestão da BlackRock, eles geram cerca de 10% das taxas.

Os ativos da empresa em alternativos ilíquidos aumentaram cerca de 65% nos três anos até setembro, e em 2023 a BlackRock adquiriu a Kreos Capital para impulsionar seu crescimento em dívida privada.

A combinação da GIP com os cerca de US$ 50 bilhões de ativos de infraestrutura que a BlackRock gerenciava no final de setembro criará uma unidade que rivalizará com os maiores players da indústria, incluindo Macquarie Asset Management e Brookfield Asset Management.

Nos últimos anos, a BlackRock participou de investimentos multibilionários em gasodutos no Oriente Médio, um projeto de captura de carbono no Texas e uma parceria em uma rede de fibra óptica com a AT&T.

O segmento de infraestrutura tem crescido no mercado de alternativos à medida que os investidores veem oportunidades de lucrar ao ajudar a preencher o que os consultores da McKinsey projetam ser uma lacuna de gastos de US$ 15 trilhões em infraestrutura global até o final da década.

Essa demanda se manteve mesmo durante as recentes quedas em outros produtos privados, já que a captação de recursos na área aumentou em 2022, enquanto os totais de private equity e imóveis caíram.

A GIP tem sido uma das maiores players nesse mundo, adquirindo participações significativas em alguns dos aeroportos mais movimentados, incluindo o Gatwick, de Londres.

Embora as apostas em infraestrutura possam incluir projetos mais mundanos, como estradas com pedágio e pontes, os gigantes dos investimentos também veem cada vez mais oportunidades em projetos de transição de energia e centros de dados. Eles são atraídos pelos retornos tipicamente estáveis e recorrentes que esses ativos podem gerar.

Ogunlesi, 70 anos, criou a empresa em 2006 com o apoio da General Electric e do Credit Suisse, e as empresas do seu portfólio têm receitas anuais combinadas de mais de US$ 80 bilhões, segundo o seu site. Ogunlesi atualmente atua como diretor do conselho do Goldman Sachs (GS).

Em 2019, a GIP levantou um recorde na época de US$ 22 bilhões para o fundo Global Infrastructure Partners IV, e agora está levantando recursos para um quinto fundo.

Cinco dos parceiros fundadores da GIP se juntarão à BlackRock. Cerca de 30% das ações serão diferidas por cerca de cinco anos, e a BlackRock disse que emitirá dívida para cobrir a parte em dinheiro.

A Perella Weinberg Partners assessorou a BlackRock, enquanto a Evercore foi a principal assessora da GIP.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

Carro elétrico ou a combustão? Para a Volks, o plano é ser flexível, diz CFO

Primeiro IPO do ano em NY tem alta de 14% e abre caminho para novas ofertas