Da Brookfield à KKR: como a eficiência energética entrou no alvo do private equity

Gigantes globais que incluem a Blackstone se juntam a empresas como Siemens Energy e Schneider Electric em mercado para prédios e instalações que reduzam desperdício de energia

Complexo sustentável em consumo de energia em Singapura: prédios mais eficientes atraem investimentos de grandes fundos (Foto: Lauryn Ishak/Bloomberg)
Por Todd Gillespie
03 de Janeiro, 2024 | 02:40 PM

Bloomberg — Um motor em grande parte invisível da transição verde ganha rapidamente apoio entre alguns dos maiores investidores do mundo, mesmo quando outras iniciativas climáticas perdem força.

Empresas globais de private equity como KKR, Blackstone e Brookfield têm investido bilhões de dólares em empresas e tecnologias que ajudam a reduzir a grande quantidade de energia desperdiçada em linhas de montagem, em edifícios de escritórios e até em fazendas.

“Até agora, o foco das pessoas se inclinava em tornar a oferta de energia mais verde”, disse Emmanuel Lagarrigue, sócio e codiretor de estratégia climática da gigante de private equity KKR. “Mas também há oportunidades reais na redução da demanda.”

O negócio de eficiência energética atraiu maior interesse depois de os preços da energia e do gás natural terem disparado durante uma crise energética global, o que levou grandes usuários a olharem de perto as operações.

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Ao mesmo tempo, incorporadoras de energia eólica e solar esbarram em elevadas taxas de juros e gargalos nas cadeias de suprimentos, fazendo com que investidores climáticos olhem o lado da demanda na busca por retorno.

O lado negativo é semelhante a qualquer projeto ambiental, com custos iniciais e uma gama desconcertante de tecnologias e aplicações.

Isso obscurece o retorno, uma vez que as empresas muitas vezes ignoram as economias de energia e de emissões quando analisam os custos. Mas os preços mais elevados da eletricidade e do gás criam um incentivo automático para as empresas e, por sua vez, atraem investimentos.

“O grande ‘smart money’ agora não está estritamente focado nas energias renováveis ‘downstream’”, disse Jonathan Maxwell, fundador da Sustainable Development Capitals. “A eficiência energética é o maior e mais inexplorado mercado de investimentos e está apenas começando.”

Uma das primeiras incursões de sua empresa na eficiência energética foi em um projeto de 2015 para 800 unidades de varejo e escritórios do Santander no Reino Unido, trocando lâmpadas tradicionais por LEDs mais eficientes e usando parte das economias. Tais ganhos são fáceis e o dinheiro agora flui para ofertas mais sofisticadas.

No ano passado, a KKR comprou a CoolIT Systems - uma empresa canadense que fornece soluções de refrigeração líquida para data centers com uso intensivo de energia - por US$ 270 milhões por meio de sua estratégia Global Impact.

A Brookfield adquiriu a HomeServe, com sede no Reino Unido, por 4,1 bilhões de libras (US$ 5,2 bilhões), que pretende transformar na maior plataforma de descarbonização residencial do mundo.

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A Legence, da Blackstone, fechou a aquisição de novas empresas para expandir seu portfólio focado em tornar edifícios mais eficientes.

Cresce o investimento em projetos de eficiência energética industrial, em recorte por regiões e mercados

A Legence, com sede em São Francisco, trabalhou em projetos que vão desde instalações médicas em Boston até escolas de ensino médio na capital Washington. A sua rede de empresas de design, instalação e manutenção visa ajudar a criar edifícios mais inteligentes, obter matérias-primas eficientes e instalar bombas de calor e energia solar nos telhados.

“Os edifícios são complexos”, disse Jeff Sprau, CEO da Legence. “Para otimizar sua operação, você realmente precisa de um bom plano geral.”

A unidade da Blackstone faz parte de um segmento pequeno, mas em rápido crescimento, que tenta combater o desperdício de energia em escala industrial.

Juntamente com players estabelecidos, como Siemens Energy e a Schneider Electric, as empresas combinam engenheiros, designers e antigos traders de energia para encontrar formas de se tornarem mais eficientes, o que significa reduzir custos e emissões de carbono.

A economia de energia é fundamental para atingir as metas de emissões líquidas zero, mas está aquém do esperado. Até 2022, houve uma desaceleração nas melhorias de eficiência em todos os setores, exceto nos transportes, em que os veículos elétricos têm ajudado, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

“Precisamos construir muito mais infraestrutura energética – mas também precisamos perguntar como estamos realmente utilizando essa oferta”, disse Emma Champion, analista de transição energética da BloombergNEF. “Em primeiro lugar, simplesmente utilizar a energia de forma mais eficiente é uma das formas mais importantes de reduzir as emissões.”

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