Bloomberg — Marcel Telles, o bilionário investidor brasileiro que cofundou a empresa de aquisições 3G Capital, doou sua participação na cervejaria Anheuser-Busch InBev (BUD) para seu filho Max em um grande passo em direção ao planejamento sucessório.
A participação de Telles na AB InBev, a maior cervejaria do mundo, que ele ajudou a construir por meio de uma série de acordos com seus sócios Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira, vale cerca de US$ 6,1 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.
Ele transferirá toda a participação para Max, que também irá substituí-lo na entidade que controla o investimento, de acordo com um registro feito na terça-feira (26) na Securities and Exchange Commission (SEC), o equivalente à CVM nos Estados Unidos.
Telles, de 73 anos, é o mais jovem do trio de bilionários e aquele que passou mais tempo trabalhando nas cervejarias durante a parceria que começou na década de 1970. É considerado um dos empreendedores brasileiros mais bem-sucedidos de todos os tempos.
Ele comandou a Brahma depois que ela foi adquirida pelo então banco de investimentos deles, o Garantia, no final da década de 1980 e, em seguida, ajudou a criar a Ambev (ABEV3) em 1999, com uma fusão considerada improvável à época com a rival Antarctica.
A AB InBev, dona das marcas Budweiser, Stella Artois e Michelob Ultra, entre outras, foi formada em 2008 após fusões com a Interbrew, da Bélgica, com a americana Anheuser-Busch.
Por meio da 3G Capital, Telles, Lemann e Sicupira adquiriram o controle de gigantes globais como a Kraft Heinz e o Burger King e se uniram a lendas do capitalismo, como o investidor bilionário Warren Buffett.
O patrimônio líquido de Telles aumentou 9% neste ano, totalizando US$ 10,7 bilhões, de acordo com o índice de riqueza Bloomberg.
Ele já transferiu parte de seus outros ativos para seus filhos, doando ações da empresa brasileira de imóveis São Carlos Empreendimentos e Participações para seus filhos Max e Christian em 2017. Lemann e Sicupira também transferiram ações dessa empresa para seus familiares na época.
O trio de bilionários brasileiros possui sua participação na AB InBev principalmente por meio da entidade BRC. Ela possui 50% das ações da Stichting AK Netherlands, que por sua vez detém 33,47% da AB InBev, de acordo com o site da empresa.
Em 2023, no entanto, a trajetória de sucesso empresarial foi arranhada com o episódio da fraude contábil da Americanas, que teve revelado um rombo acima de R$ 20 bilhões em janeiro.
O trio de bilionário controlou a rede varejista por quase 40 anos e deve reassumir essa condição segundo o plano de recuperação judicial aprovado pela maioria dos credores há uma semana. As responsabilidades pela fraude ainda não foram julgadas pela Justiça nem pela esfera administrativa.
- Com informações da Bloomberg Línea.
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