Destino turístico no México atrai projeto de US$ 1 bi e promete novo patamar de luxo

Costalegre, uma região intocada na costa do Pacífico, é a nova aposta de grupo de investimento para viagens de luxo; projeto inclui até dois resorts e casas de veraneio

The 3,000-acre site of Xala on Mexico’s Costalegre coast south of Puerto Vallarta. XALA
Por Samantha Brooks
24 de Dezembro, 2023 | 07:47 AM

Bloomberg — Os desenvolvedores imobiliários que transformaram Mandarina -- um local intocado na costa do Pacífico do México -- de uma praia acidentada a um bastião de viagens de luxo, incluindo o oitavo melhor hotel do mundo, almejam mais alto com seu mais recente projeto: Xala, um empreendimento de US$ 1 bilhão no estado de Jalisco.

Situado em um terreno de 12 milhões de metros quadrados na região costeira de Costalegre, Xala incluirá um ou dois hotéis altamente luxuosos e cerca de 100 casas de veraneio, todos ao lado de um novo aeroporto internacional construído especificamente para apoiar o desenvolvimento do projeto.

O local em si é uma colcha de retalhos de manguezais e estuários a cerca de 145 quilômetros ao sul de Puerto Vallarta e 130 quilômetros ao norte de Manzanillo. O desenvolvedor Ricardo Santa Cruz, sócio-gerente da Actur, diz que unir o terreno exigiu que ele e seus sócios fechassem 68 acordos de propriedade separados ao longo de quatro anos.

O intuito, diz ele, é criar agora o projeto de desenvolvimento imobiliário de menor densidade já realizado no México, disse em entrevista exclusiva à Bloomberg News.

PUBLICIDADE

O Aeroporto Internacional de Chalacatepec, construído no âmbito de uma parceria público-privada que ainda não foi inaugurado, está localizado a apenas 10 minutos de Xala.

Em meados de 2024, terá capacidade de receber jatos Boeing 737 em sua pista de 2,5 quilômetros. A princípio, receberá principalmente jatos particulares e voos regionais. O objetivo é manter as operações do aeroporto pequenas para que os passageiros que chegam possam passar pela alfândega em minutos e logo relaxar em praias tranquilas.

Ancorando o projeto do ponto de vista do turismo de luxo, estará um hotel Six Senses de 51 chalés com conclusão prevista para 2026, dizem os desenvolvedores. Cada quarto virá com piscina privativa; os hóspedes também terão acesso a um santuário de tartarugas, 32 quilômetros de trilhas para mountain bike e baías naturais para caiaque.

O preço de bilhões de dólares do projeto coloca-o entre os empreendimentos turísticos mais caros do México recentemente; projetos igualmente ambiciosos e de baixa densidade, como Kanai, na Riviera Maya de Yucatán, mantiveram os números dos custos privados.

O financiamento vem dos principais acionistas da Xala: TPG-Axon Capital, Morgan Stanley, o Fundo Estatal de Pensões de Jalisco, o Fundo Nacional de Infraestrutura do México e alguns indivíduos de elevado patrimônio ainda não divulgados.

Agitação em Costalegre

Assim como a irmã mais velha de Xala, Mandarina – e seu impressionante hotel One&Only – se beneficiam da proximidade de Puerto Vallarta e de seus poucos resorts de luxo, o novo projeto se beneficiará da proximidade de alguns destinos amados pelo jet set.

Ao redor de Xala estão Cuixmala, uma reserva de selva que virou refúgio elegante, a comunidade de vilas Careyes, o resort colorido Las Alamandas e o Four Seasons Tamarindo, criado há um ano, todos em um trecho de 80 quilômetros de costa.

PUBLICIDADE

Dentre essas propriedades, Cuixmala talvez seja a mais conhecida; o fundador James Goldsmith recebeu todos, de Mick Jagger a Henry Kissinger e os falecidos presidentes Ronald e Nancy Reagan. O resort continua popular entre celebridades, incluindo Tom Cruise, Madonna, Cara Delavigne e Gwyneth Paltrow.

Cuixmala e seus pares fizeram da área um refúgio seguro para quem busca sol e não quer sacrificar a privacidade ou o conforto. Essa reputação atraiu marcas como Cheval Blanc a explorar locais para projetos hoteleiros. No entanto, poucos se comprometeram a construir, principalmente devido a desafios logísticos e geográficos.

Ao contrário de Mandarina, que tem um grande aeroporto a apenas 60 quilômetros de distância, os resorts em Costalegre beneficiam atualmente de pouca infraestrutura de massa.

Chegar a Cuixmala ou ao Four Seasons Tamarindo, por exemplo, muitas vezes requer uma viagem de quatro horas de carro do aeroporto de Puerto Vallarta ou um voo de 20 minutos nos aviões que têm permissão para pousar nas pistas gramadas de Cuixmala e Las Alamandas. (O aeroporto de Manzanillo fica a cerca de uma hora do Four Seasons, mas recebe poucos voos.)

“Como não havia infraestrutura, grande parte de Costalegre permaneceu preservada”, diz Santa Cruz. “Para mim, é por isso que tem o maior potencial para o turismo sustentável no México.”

Visão para Xala

O local de Xala é uma mistura única de enseadas onde se pode nadar, oceano com locais para surf, manguezais envoltos em selva e um cume montanhoso esculpido com trilhas para ciclismo. Dos seus 12 mil m², 590 serão dedicados ao reflorestamento, e Santa Cruz diz que sua equipe trabalha em esforços de conservação marinha para proteger os recifes da área.

O Six Senses aproveitará esse terreno misto com quartos tanto na praia como ao longo da serra. A propriedade enfatizará ingredientes caseiros de uma fazenda local no “Alchemy Bar”, um espaço exclusivo da marca de bem-estar onde os hóspedes podem preparar seus próprios esfoliantes e máscaras de beleza; no restaurante principal, que contará com uma feira de produtores; e em uma escola de culinária. Um clube de surf e bar com pés na areia também estará disponível.

Com as reservas de hotéis Six Senses daqui a alguns anos, o foco de Xala até agora tem sido a venda de casas. Santa Cruz diz que 30 das 75 propriedades de Rancho atraíram compradores a preços de US$ 5,5 milhões. Espera-se que mais 25 residências hoteleiras da marca Six Senses, começando com 743m², tenham preços entre US$ 8 milhões e US$ 12 milhões.

As casas são um importante ponto de diferenciação entre Mandarina e Xala, diz Santa Cruz. “Vemos este local como um lugar que as pessoas não apenas visitarão, mas também viverão”, explica ele, sendo que Xala tem o dobro do número de casas e uma fração dos quartos de hotel.

“Estamos muito orgulhosos do que fizemos em Mandarina e vê-la como número 1 na América do Norte entre as 50 melhores do mundo este ano foi gratificante, com certeza”, diz Jeronimo Bremer, sócio-gerente da Actur.

A One&Only Mandarina ficou em oitavo lugar na lista global compilada pela William Reed Business Media, com sede no Reino Unido, e ficou em primeiro lugar entre as inscrições da América do Norte. “Agora, Xala trata de criar uma comunidade residencial única, enquanto Mandarina tratava de criar um resort de classe mundial”, acrescenta.

Veja mais em Bloomberg.com

-- Atualizada para corrigir a área do terreno do empreendimento.

Leia também:

As cidades com o metro quadrado mais caro para escritórios da América Latina

De sneakers Louis Vuitton a relógios TAG Heuer: os presentes de luxo em alta no país