Ele foi um dos pioneiros do Pix. Agora monta um time para fazer o mesmo nos EUA

Orli Machado contratou Ricardo Lanfranchi, ex-head da corretora do Bradesco Bank em Miami, para liderar o negócio da C&M Software nos Estados Unidos

Orli Machado, fundador e presidente da C&M Software
Por Leda Alvim e Cristiane Lucchesi
21 de Novembro, 2023 | 10:43 AM

Bloomberg — O brasileiro Orli Machado planeja contratar cerca de 230 pessoas nos Estados Unidos para expandir seu negócio de software para bancos e cooperativas de crédito que oferecem o FedNow, equivalente americano do Pix.

Machado, fundador e presidente da C&M Software, com sede em Barueri, planeja expandir o número de funcionários da sua empresa nos EUA para cerca de 250 pessoas até o fim de 2024, em uma aposta de que mais bancos adotarão o FedNow, novo sistema de pagamento instantâneo do Federal Reserve.

Ele contratou Ricardo Lanfranchi, ex-responsável pela corretora do Bradesco Bank em Miami, para ser o presidente do negócio nos EUA.

Lançado em julho, o FedNow permite que pessoas e empresas clientes das instituições financeiras participantes façam transferências de dinheiro em tempo real, 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana.

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Machado diz que o potencial é enorme: ele já tem cerca de 20 clientes entre as mais de 150 instituições que oferecem o FedNow, de um total de cerca de 9.000 bancos e cooperativas de crédito que estão autorizados a aderir.

Pioneiro de sistemas de pagamento instantâneo, Machado foi um dos consultores informais na criação do Pix. Lançado pelo Banco Central em 2020, o Pix já ultrapassou os cartões de crédito e débito como forma de pagamento preferida dos brasileiros, com mais de 8 bilhões de transações no primeiro trimestre deste ano.

Sem custo para pessoa física, o Pix virou uma mania nacional.

“O FedNow está conectando todos os bancos em uma rede nos EUA pela primeira vez e permitindo que um banco faça serviços de pagamento de contas mesmo com um boleto no nome de outro banco”, disse Machado em entrevista à Bloomberg News.

O sucesso do Pix chamou a atenção do Fed e outros bancos centrais em todo o mundo, inclusive de países da América Latina como Colômbia, Chile e Paraguai. Machado disse que assessora informalmente todos eles.

Os reguladores gostam de pagamentos instantâneos porque eles ajudam a reduzir os riscos sistêmicos. O dinheiro é transferido em tempo real, portanto não há risco de um cliente deixar de recebê-lo se o banco que envia os fundos falir durante o processo de transferência.

Mesmo assim, há vários motivos pelos quais o FedNow levará mais tempo para ser aceito nos EUA do que no Brasil. Muitos americanos ainda pagam algumas de suas contas usando cheques em papel enviados pelo correio, por exemplo.

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“Levará tempo para que o FedNow amadureça culturalmente e comece a ser adotado, por isso minha projeção é que ele ganhe popularidade total em 2025”, disse Machado, hoje com 58 anos.

Outra diferença importante: o Banco Central do Brasil forçou os bancos a oferecer o Pix, enquanto a adesão ao FedNow é totalmente voluntária.

A concorrência de empresas de pagamento populares nos EUA, como Venmo, PayPal e Zelle, é outro obstáculo. Mas essas empresas não têm a proteção da Federal Deposit Insurance Corporation, responsável pela estabilidade do setor bancário no país.

Com 255 funcionários no Brasil, a C&M Software oferece produtos para mais de 60% das fintechs brasileiras, disse Machado. A empresa detém cerca de 90% do mercado de softwares utilizados para abertura de novas contas digitais no Brasil, disse ele.

Quando abriu uma unidade em Miami, em 2015, Machado buscava blindagem contra uma das muitas crises econômicas do Brasil. Ele fundou sua empresa no ano 2000, enquanto trabalhava com o Banco Central para desenvolver o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), usado para compensação e liquidação entre instituições financeiras.

Antes disso, Machado trabalhou na IBM fornecendo software para bancos e outras empresas financeiras.

A maior parte das contratações da C&M provavelmente será no Texas, devido ao fuso horário central do estado nos EUA, disse Machado, acrescentando que a ideia é abrir também escritórios comerciais em Nova York, Califórnia e Chicago. Também devem acontecer contratações em Miami, onde fica o escritório da empresa hoje.

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