Bloomberg — O Brasil planeja vender seu primeiro título sustentável de dívida externa, uma iniciativa amplamente aguardada para apoiar a agenda ambiental e social do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O país abriga 60% da floresta amazônica e planeja emitir títulos com vencimento em 2031, conforme documento apresentado nesta segunda-feira (13).
As negociações iniciais sobre o preço ocorrem com juros de cerca de 6,8%, de acordo com uma fonte com conhecimento do assunto ouvida pela Bloomberg News, que pediu para não ser identificada porque não está autorizada a falar sobre o tema.
Parte dos recursos da operação será destinada a categorias de projetos verdes e sociais elegíveis dentro do novo quadro aprovado pelo país para títulos sustentáveis, de acordo com o documento.
A estreia do país nos mercados de dívida ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) tem sido preparada por anos, deixando Wall Street ansiosa para avaliar o sucesso da operação após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacar sua recepção “extraordinária”.
A emissão foi adiada após os ativos de nações em desenvolvimento serem afetados pela altas das taxas de juros nos Estados Unidos, e chega ao mercado quando os rendimentos dos títulos dos Treasuries se estabilizam.
A oferta também ocorre em um momento em que o governo de Lula se comprometeu em reduzir as emissões de gases de efeito estufa do Brasil e fortalecer os programas de bem-estar do país.
É também um primeiro passo para que o Brasil alcance o nível dos programas de títulos ESG de outros mercados emergentes, como Chile e México.
A classificação sustentável da oferta visa atrair uma base de investidores ampla, uma medida que permitiu a alguns emissores de títulos colher o chamado “greenium”, ou seja, a vantagem de preço potencialmente obtida ao tomar dívidas no mercado ESG.
Promessas ESG do Brasil
Em uma série de reuniões com investidores de todo o mundo, as autoridades brasileiras têm promovido a dívida sustentável como uma forma de ajudar o governo a cumprir uma série de objetivos ESG nos próximos anos.
Espera-se que o Brasil publique em breve relatórios anuais de impacto que detalhem como os recursos do título serão gastos. No entanto, as autoridades mencionaram a erradicação da desmatamento ilegal até 2028 e a redução das emissões de gases de efeito estufa como objetivos que podem ser alcançados por meio do financiamento ESG, de acordo com uma apresentação usada em recentes atividades de divulgação entre investidores.
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