Deep Blue Ventures: novo fundo mira growth stage e assessorar startups

Gestora do investidor Moisés Herszenhorn, um dos pioneiros de VC no Brasil, terá fundo com cerca de R$ 300 milhões e atenção a teses como a de transição energética e soluções tech B2B

Região da Faria Lima, em São Paulo, setembro de 2022. Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
07 de Novembro, 2023 | 06:43 AM

Bloomberg Línea — O ambiente brasileiro de venture capital e private equity continua a prosperar apesar dos juros mais elevados, com novos fundos e a continuidade do movimento de captações por startups. Um dos exemplos mais recentes é a chegada da Deep Blue Ventures, fundada pelo investidor Moisés Herszenhorn.

Herszenhorn é um dos mais experientes profissionais do mercado de venture capital e private equity no país e foi um dos primeiros investidores do iFood, um dos maiores cases de sucesso de startups no país, há uma década, e do Magnopus, startup de computação gráfica, realidade virtual e aumentada e metaverso com sede em Los Angeles. Foi fundador e CEO das gestoras Warehouse e Pier18.

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Mais recentemente, ele liderou a estruturação da área de venture capital do BV (ex-Banco Votorantim), que se tornou uma das referências de CVC (corporate venture capital) do mercado brasileiro.

O fundo deve contar com cerca de R$ 300 milhões, segundo ele. Um dos primeiros deals já em negociações deve envolver um aporte de R$ 40 milhões. Outro deal pode contar com um cheque ainda maior, no intervalo de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões, com capital de duas ou três partes. No primeiro caso, seria uma Série A de tamanho já de maior porte.

No modelo planejado, investidores que já fazem parte da rede de Herszenhorn aportam capital em casos determinados, conforme seus interesses. “Não vão ser aquelas rodadas em que se juntam na startup novos sócios não necessariamente conectados. Estou compondo times de investidores”, disse Herszenhorn em entrevista à Bloomberg Línea.

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Segundo ele, os investidores são em geral family offices e assets de médio porte.

Moises Herszenhorn, fundador e managing director da Deepblue Ventures (Foto: Divulgação)

Outro sócio e operating partner da Deep Blue é Luis Saverio, executivo e fundador da consultoria BP (Business Partner), cuja especialização de estratégias e recrutamento vai ao encontro justamente do que Herszenhorn apontou que se pretende ser um dos diferenciais da nova gestora: ajudar fundadores em seus planos de negócios, para além dos aportes de capital.

“Queremos fazer poucos deals para termos melhores condições de uma abordagem próxima, customizada e empresarial das startups. Vamos respeitar os founders, mas estaremos ali ao lado prontos para ajudar sempre que necessário”, disse Herszenhorn.

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Segundo ele, em um período de três a quatro anos, o portfólio deve contar com cinco investidas. Em alguns casos, empresas já com faturamento, por exemplo, de R$ 70 milhões, mas que não necessariamente já tenham recebido aporte de venture capital anteriormente.

As conversas iniciais para investimento já abrangeram cerca de 30 a 40 empresas.

O fundador da Deepblue apontou as teses em que estão mais interessados, como serviços de tecnologia no B2B, low-code (para que startups possam desenvolver suas aplicações) e Inteligência Artificial, entre outras.

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“Estamos também muito animados com o mercado de transição energética, de racionalização do uso de energia por grandes empresas. E, no limite, de ESG e de captura de carbono”, disse Herszenhorn.

Por fim, um terceiro tema de interesse é o de fintechs, até dada a experiência de quase quatro anos de Herszenhorn à frente da área de CVC do BV. Sem citar nomes específicos, ele apontou startups que oferecem tecnologia para que grandes empresas possam entrar no setor financeiro.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.