Bloomberg — O ex-banqueiro do Goldman Sachs (GS), Brijesh Goel, foi condenado a três anos de prisão por passar informações confidenciais a um amigo próximo e parceiro de squash que as usou para negociar na bolsa.
Goel, 39, foi condenado na quarta-feira (1º) em Manhattan pelo juiz P. Kevin Castel. O ex-executivo do Goldman foi considerado culpado de insider trading e obstrução por um júri federal em junho, após um julgamento de cerca de uma semana. Castel ordenou que Goel se entregasse à custódia em 9 de janeiro.
O período de prisão foi ligeiramente inferior ao solicitado pelos promotores, que na semana passada pediram que Goel recebesse uma sentença no limite inferior da diretriz de 41 a 51 meses para seus delitos.
Goel pediu a Castel que não lhe desse tempo de prisão, argumentando que a deportação imediata para seu país, a Índia, seria punição suficiente.
Ao proferir a sentença, o juiz criticou Goel por mentir no tribunal durante o julgamento e por diminuir a magnitude de sua má conduta em seu pedido de clemência. “Você se sentou nesta cadeira e mentiu todas vezes”, disse o juiz.
“Profundamente envergonhado”
Ladeado por seus advogados e com sua esposa e amigos presentes no tribunal, Goel disse ao juiz que lamentava sua má conduta. “Estou profundamente envergonhado do que fiz”, disse ele, segurando as lágrimas. “Peço desculpas ao Goldman Sachs, aos meus colegas e a todos que se sentiram traídos pelas minhas ações.”
Goel passou informações privilegiadas para Akshay Niranjan, um trader do Barclays que tinha sido seu colega de classe na escola de negócios de Berkeley, na Universidade da Califórnia. Os dois lucraram cerca de US$ 280.000 com as informações antes dos negócios do Goldman em 2017 e 2018.
Os detalhes da relação próxima entre Goel e Niranjan, incluindo uso de drogas, jogos regulares de squash e festivais de música, aumentaram o drama do julgamento de Goel, onde Niranjan foi a principal testemunha da acusação contra seu ex-amigo.
Niranjan gravou conversas nas quais Goel lhe pediu para deletar conversas de texto sobre suas “dicas”, o que resultou em uma condenação por obstrução, bem como acusações de insider trading.
“Isso precisamos deletar”, disse Goel em uma conversa gravada por Niranjan. “Nós fizemos alguma negociação? ... Tem que ser deletado. Eu nem tenho essa conversa.”
Goel testemunhou em sua própria defesa no julgamento, alegando que Niranjan o incriminou. No banco das testemunhas, Goel negou ter vazado informações privilegiadas para seu amigo.
Em vez disso, ele especulou que Niranjan provavelmente acessou as informações privadas espiando suas mensagens particulares e e-mails ou escutando suas conversas telefônicas com colegas do Goldman.
Segundo Goel, Niranjan inventou uma história para desviar a culpa de si mesmo.
Mentiras “ofensivas”
Na sentença, o juiz disse que as mentiras foram “ofensivas para qualquer um que está acompanhando o processo”.
“Estas mentiras eram tão transparentes que facilitaram para os jurados chegarem a um veredicto tão rapidamente”, disse Castel, referindo-se ao fato de que o júri deliberou por apenas algumas horas. “Todos no tribunal sabiam que ele estava mentindo e não acreditavam nessa história.”
Goel também terá que pagar uma multa de US$ 75.000 e renunciar US$ 85.000, que foi sua parte nos lucros ilícitos. O Goldman também está buscando US$ 393.000 de Goel pelos gastos legais que o banco teve no caso. Castel ainda não decidiu sobre o pedido do banco americano.
Niranjan não foi acusado de nenhum crime, mas ele e Goel foram demitidos de seus empregos após o caso ser anunciado em julho de 2022. Desde então, Goel estava compondo o time da Apollo Global Management.
Seu insider trading ocorreu enquanto Goel estava no Goldman, com sua primeira informação privilegiada tendo sido sobre os planos do banco de fornecer financiamento para a aquisição da Lumos Networks pela EQT AB em 2017.
Os dois homens, que frequentemente jogavam squash juntos, às vezes usavam o esporte como uma cobertura para sua atividade ilegal. “Você reservou a quadra?”, escreveu Goel a Niranjan depois de fornecer os dados da Lumos. O esquema continuou até 2018.
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