Por que o financiamento para startups do clima despencou no último ano

Tecnologia de captura, utilização e armazenamento de carbono é a única que teve aumento em financiamento para pesquisas, de acordo com relatório da PwC

Novas tecnologias para redução da emissão de carbono, como deste projeto na Islândia, continuam a atrair investimento
Por Michelle Ma
23 de Outubro, 2023 | 08:00 AM

Bloomberg — A tecnologia climática não é mais uma luz no fim do túnel em um cenário desafiador para fazer investimentos. O mercado de private equity e o financiamento sem fins lucrativos para startups de tecnologia climática totalizaram US$ 65 bilhões nos 12 meses que terminaram em 30 de setembro de 2023, de acordo com um novo relatório da PricewaterhouseCoopers (PwC). Isso representa uma queda de mais de 40% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

As razões para a queda geral nos investimentos são variadas. Elas incluem tumultos geopolíticos, inflação, aumento das taxas de juros e desvalorizações, questões que afetaram o cenário de investimento em tecnologia como um todo. No entanto as apostas no investimento em tecnologia climática não poderiam ser mais altas. O mundo acabou de experimentar seu mês mais anormalmente quente registrado após um verão recorde de calor.

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A queda no mercado significa que as startups de tecnologia climática precisam se concentrar muito mais em resolver problemas do mundo real e entender o “perfil do comprador”, disse Amit Chaturvedy, chefe global e sócio-gerente da SE Ventures, uma firma de capital de risco de € 1 bilhão (US$ 1,1 bilhão) focada em gestão de energia, sustentabilidade e automação industrial.

No entanto, o financiamento para abordar os setores industriais de maior emissão, que incluem a fabricação de cimento e aço, continua a ser uma parte relativamente pequena do financiamento global de tecnologia climática, apesar de sua contribuição desproporcional para as emissões totais.

Apenas 14% do investimento global recente em tecnologia climática foi destinado a esses setores, que não são apenas uma grande fonte de emissões de carbono mas também enfrentam dificuldades para redução dos níveis.

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Startups que trabalham com mobilidade e energia receberam a maioria dos investimentos neste ano.

Uma tecnologia prova ser resiliente à queda na tecnologia climática: a captura, a utilização e o armazenamento de carbono [CAUC]. A indústria de combustíveis fósseis, em particular, investiu dinheiro nessa tecnologia, que poderia prolongar o uso de petróleo, gás e carvão. O relatório da PwC constatou que é a única categoria de tecnologia que viu um aumento absoluto nos investimentos nos últimos dois anos.

“Embora nada disso sugira que os investimentos em CUAC certamente serão bem-sucedidos, os crescentes níveis de demanda e o apoio do governo para tais projetos podem dar maior confiança aos investidores em potencial em startups”, escreveram os autores do relatório.

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As descobertas estão em grande parte alinhadas com análises realizadas por outros grupos, incluindo a BloombergNEF.

Apesar da tendência de queda nos investimentos em tecnologia climática, alguma esperança para o setor persiste. A tecnologia climática representou uma parcela maior do mercado global de investimentos em startups, com mais de 11%, e investidores de primeira viagem continuam a investir no setor, ambos indicativos de que o setor ainda está atraindo interesse.

Alguns novos fundos surgiram nos últimos meses e podem ajudar a sustentar a indústria. O Inflation Reduction Act, aprovado no ano passado nos EUA, também fornece um impulso graças a uma série de concessões e incentivos para setores que vão desde o hidrogênio verde até a eletrificação de residências.

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