Expansão da economia verde no Brasil esbarra em incerteza sobre políticas públicas

Em painel da edição 2023 do Bloomberg Línea Summit, executivos da BYD, do GIC, Fundo Soberano de Singapura, e da Raízen discutiram ritmo da transição energética

Bloomberg Línea Summit 2023, Brasil, São Paulo
23 de Outubro, 2023 | 11:25 AM

Bloomberg Línea — A cada quatro anos, com as eleições presidenciais, a economia verde no Brasil esbarra em uma série de mudanças em políticas públicas que podem atrasar o seu crescimento, segundo especialistas no assunto. De incentivos a agendas ambientais, tudo muda — e os investidores e as empresas precisam se adaptar rapidamente aos novos cenários.

Para Alexandre Baldy, conselheiro especial da montadora de carros elétricos BYD, um dos principais problemas do Brasil em relação ao tema é a concretização das políticas criadas.

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“Nesse caso, quando vemos o Brasil, as políticas públicas, como o Brasil, para ser efetiva, têm dificuldade de efetivação — por exemplo, o etanol, ao mesmo tempo em que o governo tem políticas sobre isso, ele também é dono da Petrobras. Vemos que idas e vindas não permitem que as empresas invistam com tranquilidade em determinados temas”, afirmou Baldy no painel Brasil para exportação: Quanto vale a economia verde?, realizado no Bloomberg Línea Summit nesta segunda-feira (23) em São Paulo.

O painel contou com a presença também de Paula Kovarsky, VP de Estratégia e Sustentabilidade da Raízen, e Wolfgang Schwerdtle, head de investimentos diretos LatAm do GIC (Fundo Soberano de Singapura).

Segundo Baldy, as mudanças causam uma insegurança que abala diversos setores. “Quando falamos do segmento automotivo, ainda mais em carros eletrificados, que é um ambiente competitivo, as políticas públicas são fundamentais para dar tranquilidade ao consumidor”, explicou.

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Paula Kovarsky, da Raízen, concorda. “Temos que tomar um cuidado enorme: não é porque muda o governo, que precisamos mudar o que está funcionando”, disse. “Não podemos viver com essa mudança de cenário e de meta frequente. E precisamos focar em indústrias nas quais o Brasil oferece uma diferença competitiva, como na produção de energia limpa.”

Custo da transição energética

Wolfgang Schwerdtle, head de investimentos diretos LatAm do GIC, estimou que, anualmente, o custo da transição energética pode chegar a cerca de US$ 3 trilhões por ano — e, segundo ele, alguns setores não conseguirão abandonar de vez a matriz fóssil.

“Existem várias ‘balas de prata para a transição energética, e precisamos de todas. Precisamos de muitos projetos diferentes, muito capital, muita inovação. O Brasil tem a responsabilidade de participar dessa mudança no mundo inteiro, em especial como exportador”, afirmou.

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Baldy, da BYD, disse que falta uma regulação clara e um projeto a longo prazo para a transição energética do país. “O Brasil não é o país do futuro, mas é o país do presente na economia verde.”

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.