Bloomberg Línea — Um acidente de esqui foi a virada de chave que levou o então recém-lançado empresário Edgard Corona a mudar a trajetória para o que se tornaria a maior rede de academias da América Latina.
Formado em engenharia química, o executivo chegou a trabalhar por um período na usina de açúcar e etanol da família no interior de São Paulo e depois virou sócio de uma academia. Poucos meses depois, rompeu os ligamentos do joelho ao saltar de uma rampa de esqui durante uma viagem, o que o levou à fisioterapia por quase cinco meses.
Foi nesse período que, frequentando a própria academia, percebeu que havia espaço para melhorias.
A primeira unidade da Academia Bio Ritmo foi inaugurada em Santo Amaro, bairro de classe média em São Paulo, em 1996. Com a ideia inicial de ser um espaço para natação, logo surgiram as áreas de musculação e salas de ginástica, mas ainda voltadas a um público pagante de alto poder aquisitivo.
Em outra viagem ao exterior, no entanto, em consultoria com profissionais da área que atuavam em outros países e com visitas a feiras do segmento nos Estados Unidos, ele se deparou com um novo nicho: o modelo low-cost de academias, que, até então, era inédito no país.
“Comecei a ouvir que uma tal de Planet iria abrir em uma cidade, abriu depois 700 unidades não sei onde. Eles cobravam somente US$ 10 em um ramo que estava começando. Essa conta não fechava, pensei.”
Foi com esse questionamento inicial que Corona procurou os fundadores da Planet Fitness, uma rede de academias popular nos Estados Unidos nos anos 1990, para inicialmente tentar trazê-los ao Brasil. Com a recusa dos donos, ele então pediu uma consultoria para tentar replicar o modelo de planos acessíveis no país.
Até então, ele conta, o mercado fitness local atendia um público com maior poder aquisitivo, já que as mensalidades eram caras para o padrão salarial brasileiro.
“Comecei a perguntar em todo lugar quanto que as pessoas poderiam pagar por uma academia. Alguém me disse R$ 50 e eu fiquei com aquele valor na cabeça. Mas a conta não fechava.” Segundo ele, definir o preço inicial foi questão de tentativa e erro.
Para a primeira unidade da SmartFit, o empresário escolheu um espaço em um antigo supermercado no bairro do Morumbi, em São Paulo, ao mesmo tempo em que decidiu “pivotar” a ideia também em Brasília, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A mensalidade custava, em 2009, R$ 49,90.
“O meu sonho era democratizar o fitness, mas de alta qualidade. Faltava oferta, porque público sempre teve.”
Em 2022, a SmartFit tinha cerca de 1.225 unidades no Brasil e em outros 14 países da América Latina, com 3,7 milhões de clientes matriculados. Parte da expansão para outros países foi financiada por um aporte de R$ 520 milhões pelo Pátria Investimentos e o GIC, fundo soberano de Singapura, no Grupo Bio Ritmo.
Confira a entrevista completa com Edgard Corona no novo episódio do Casa de Negócios.
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