Bloomberg Línea — A Vinci Partners planeja uma nova fase de crescimento, prestes a completar três anos desde a sua oferta pública inicial (IPO) na Nasdaq em janeiro de 2021. Uma das maiores gestoras do país em ativos alternativos, a casa mira acelerar a expansão orgânica dos negócios, além de M&As (fusões e aquisições) que possam aprofundar verticais já existentes ou ampliar o alcance geográfico pela América Latina, contou Alessandro Horta, CEO da Vinci Partners, em entrevista à Bloomberg Línea.
“Hoje, principalmente no Brasil, enxergamos possibilidades de aprofundar estratégias que já temos na Vinci [por meio de M&A]. Ou seja, negócios para agregar recursos sob gestão e time. Isso é uma visão que nós temos. E outra é pela perspectiva de diversificação geográfica, principalmente para América Latina, para aumentar a exposição para a região de forma estratégica”, disse Horta.
Para tanto, um passo fundamental foi o acerto de uma parceria estratégica com o Ares Management Corporation, empresa americana igualmente especializada em ativos alternativos e com cerca de US$ 380 bilhões sob gestão, anunciada ao mercado na última terça-feira (10).
A Vinci (VINP) conta com R$ 65 bilhões em ativos e é uma das mais tradicionais e maiores gestoras independentes do país. Foi fundada em 2009 por Alessandro Horta e Gilberto Sayão - chairman da empresa -, ambos egressos do UBS Pactual, em que ocuparam posições de diretoria.
Pelo acordo, o Ares investe US$ 100 milhões na Vinci por meio da compra de novas ações preferenciais conversíveis e se torna parceira na distribuição de produtos da gestora brasileira em outros mercados, como na América do Norte, na Europa e na Ásia.
“Vamos passar a acessar um universo de 2.000 investidores institucionais com os quais o Ares já tem relacionamento, como fundos de pensão, endowments, family offices, fundos soberanos. A empresa tem quase US$ 400 bilhões sob gestão, muito mais do que qualquer gestora no Brasil, e isso só em alternativos”, destacou o CEO da Vinci sobre a parceria.
“É um universo de investidores muito maior do que aquele com o qual temos relacionamento, que é grande para uma gestora brasileira, mas naturalmente limitado. O Ares tem um time de relações com investidores extenso, espalhado no mundo. Dado que somos o parceiro deles para a América Latina, teremos um alcance muito maior para os nossos produtos”, disse Horta.
O executivo ressaltou que, atualmente, cerca de 25% dos ativos sob gestão da Vinci já vem de investidores institucionais offshore. “Natualmente, haverá uma consequência importante na captação externa dentro do nosso AuM [ativos sob gestão, na sigla em inglês].”
A avaliação é que haverá interesse do investidor institucional estrangeiro principalmente por ativos na área de mercados privados, ou seja, em private equity, real estate, infraestrutura, crédito privado e special situations.
Ao mesmo tempo, a Vinci se torna a parceira preferencial da gestora americana na América Latina, o que, segundo o executivo, deve se traduzir em diversificação para investidores locais.
“Nós entendemos que há um espaço muito grande para produtos de crédito privado, por exemplo, tanto da parte de institucionais como de high net worth [indivíduos de alta renda, como de wealth], que hoje têm pouca exposição a esses ativos. E é onde está a maior parte da alocação de alternativos tanto na Europa como nos EUA”, disse.
Ao comentar sobre o aprofundamento de estratégias, o CEO da Vinci Partners fez referência ao perfil distinto de M&A do que foi a compra da SPS Capital em junho de 2022. O negócio de valor não revelado representou a entrada da gestora na área conhecida como special situations (como investimento em empresas em dificuldades, entre outros casos, de alto potencial de retorno e de risco), com o acréscimo de cerca de R$ 2 bilhões em ativos sob gestão.
O segmento de mercados privados responde pela maior parte dos ativos sob gestão (45% do total) e das receitas (54%) da Vinci, segundo dados mais recentes divulgados. A seguir vem a área definida como IP&S (Investment Products & Solutions), com fatias de 37% e 19%, respectivamente.
O acordo com o Ares Management também atende, segundo Horta, aos três direcionamentos estratégicos definidos para a Vinci: se tornar uma gestora relevante de ativos alternativos também na América Latina, aprofundar as linhas de negócios atuais e ampliar o footprint global, principalmente na parte de distribuição.
“Buscamos estruturar a Vinci como uma gestora de ativos alternativos preparada para crescer em momentos benignos de mercado, com ciclo de queda de juros, em que há um fluxo para tais ativos; e com resiliência nos negócios mesmo quando há ventos contrários do ponto de vista macro como foi até recentemente com a alta de juros. E estamos aprofundando isso”, disse Horta.
Desde o IPO, as ações negociadas na Nasdaq acumulam queda da ordem de 40%. Neste ano, por outro lado, houve valorização aproximada de 20%.
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