Bloomberg Línea — Uma das líderes globais em ETFs temáticos, a empresa americana GlobalX elegeu o Brasil como um dos mercados prioritários e tem expandido os negócios no país para promover essa classe de ativo.
O objetivo é atingir um valor de US$ 4 bilhões em ativos de brasileiros investidos em um dos ETFs temáticos da empresa em até cinco anos, segundo Bruno Stein, diretor geral e líder da GlobalX no Brasil, em entrevista recente à Bloomberg Línea.
Os ETFs, sigla para Exchange Traded Funds, são fundos passivos negociados em bolsa que acompanham o desempenho de determinados ativos ou classes de ativos.
Segundo Stein, a GlobalX tem hoje cerca de US$ 200 milhões de capital de origem brasileira investidos em seus ETFs, dos quais cerca de R$ 30 milhões via BDRs (certificados de ativos do exterior que são negociados na bolsa brasileira). Dos mais de 100 ETFs da GlobalX, cerca de 30 são distribuídos na B3 por meio dos certificados, de acordo com o executivo.
O total do mercado de BDRs de ETFs é de R$ 2,3 bilhões, segundo dados da B3. A bolsa brasileira lista 242 BDRs de ETFs disponíveis, incluindo temáticos. Além da GlobalX, outras empresas que oferecerem produtos semelhantes no Brasil são BlackRock, JPMorgan, First Trust, Pimo e Van Eck, entre outras.
Entre alguns dos carros-chefes da GlobalX estão ETFs como URA (urânio), BOTZ (robótica e inteligência artificial), AIQ (apenas inteligência artificial), LIT (lítio), CTECH (cleantech) e POTX (cannabis).
O desempenho de cada um dos fundos de índice tem variado. Enquanto o URA e BOTZ acumulavam ganhos de 30% e 34% em 2023 até a segunda-feira (2), outros fundos de índice tinham quedas, como o POTX e o LIT, com perdas de 40% e 6%, respectivamente, neste ano.
Ao lado de empresas como BlackRock, First Trust e ARK, a GlobalX é uma das maiores emissoras de ETFs temáticos no mercado americano.
Stein, que se juntou à empresa em junho do ano passado, disse que a estratégia no Brasil tem foco no longo prazo, com a expectativa de aproveitar a maior busca de investidores brasileiros por ativos no exterior, para diversificar suas aplicações.
“Faz cada vez mais sentido ter uma carteira global”, afirmou ele, que, antes, foi diretor da AllianceBernstein. Ele também já foi superintendente no Itaú Unibanco (ITUB4) e diretor da BlackRock para o Brasil.
O executivo estimou que, em cinco anos, 5% do capital investido por brasileiros deverá estar em posições estrangeiras, e a expectativa é que metade do valor estará aplicado em ETFs. “Desse total, estimamos que 5% estará em temáticos. E, no mercado de temáticos, GlobalX tem 80% de share”, afirmou.
Tamanho do mercado
O segmento de EFTs temáticos tinha US$ 83,6 bilhões em ativos sob gestão nos Estados Unidos, o que representava cerca de 1,1% do total de US$ 7,3 trilhões nessa categoria de ativos até julho, de acordo com relatório mensal de pesquisa da empresa.
O setor de ETFs temáticos passou por uma rápida fase de crescimento nos EUA até 2022, atraindo investidores que desejam aplicar em segmentos específicos, sem necessariamente adquirir ações de uma determinada empresa - caso de robótica e IA, por exemplo.
No entanto houve uma queda no último ano no total de ativos sob gestão, influenciada pela forte retração do mercado de ações americano e o ciclo de aumento dos juros por parte do Fed.
Fundada em 2008, na esteira da crise financeira, pelo espanhol Bruno del Ama, a GlobalX se especializou na emissão de fundos de índice temáticos que seguem macrotendências mundiais. A empresa foi adquirida em 2018 pelo Mirae Asset Financial Group, da Coreia do Sul, por US$ 488 milhões.
Por enquanto, a estratégia da GlobalX no Brasil não é focada nos clientes pessoa física, um mercado que depende em parte da atuação de assessores de investimentos (antes conhecidos como agentes autônomos) e casas de research, além de gerentes de bancos.
Segundo Bruno Stein, o trabalho tem sido direcionado para o contato direto com gestoras, empresas de wealth management e family offices, para apresentar os produtos da companhia.
Na avaliação do executivo, o mercado de ETFs temáticos no Brasil ainda dá seus os primeiros passos, mas tende a crescer no longo prazo. “Diria que o Brasil está na fase dos baby steps, enquanto os EUA estão na fase de toddler, uns cinco ou seis anos à frente. A expectativa nos EUA é multiplicar o mercado por dez nos próximos anos”, afirmou.
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