Agenda pró-negócios do governo Lula ajuda M&A, diz sócio da Seneca Evercore

Visita a países com interesse no Brasil, busca de alianças e foco em meio-ambiente e ESG melhoram a percepção do investidor, diz Daniel Wainstein em entrevista à Bloomberg News

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca em abril de 2023 (Foto: Andrew Harrer/Bloomberg)
Por Cristiane Lucchesi
29 de Setembro, 2023 | 12:00 PM
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Bloomberg — Depois de um primeiro semestre fraco, a atividade de fusões e aquisições no Brasil começa a se recuperar por causa da redução do risco político percebido, segundo um sócio da Seneca Evercore.

“Saiu a agenda ideológica do governo anterior para entrar uma agenda pró-deal”, disse Daniel Wainstein, cuja empresa é sócia exclusiva no Brasil do banco de investimento americano Evercore.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva “está visitando qualquer país que seja forte candidato a investir no Brasil, tentando fazer alianças. Voltou a focar no meio ambiente, no ESG, na melhoria da nossa imagem no exterior — e a bravata contra a democracia acabou.”

Wainstein prevê que a melhoria da percepção do investidor em relação ao governo influenciará fortemente o volume de fusões e aquisições (M&A) no primeiro semestre de 2024. Ele espera que os negócios atinjam de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões no segundo semestre deste ano, em comparação com os US$ 8,3 bilhões no primeiro semestre, que foi o pior desde a pandemia.

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Os primeiros seis meses do próximo ano poderão gerar cerca de US$ 30 bilhões, estimou.

O risco político do Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, aumentou para 330 pontos-base em julho de 2022, à medida que as eleições presidenciais de outubro trouxeram incerteza sobre as perspectivas dos negócios com um novo governo.

Um aperto de crédito após a crise da Americanas (AMER3) também ajudou a paralisar fusões e aquisições, disse Wainstein. A varejista entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro, depois de divulgar uma suspeita de fraude contábil de R$ 20 bilhões, levando a um aumento nos spreads de títulos que suspendeu as vendas de dívida local.

Agora, os mercados de crédito melhoraram e o indicador de risco está abaixo dos 200 pontos-base, com sinais positivos do governo, disse Wainstein. O novo arcabouço fiscal foi especialmente bem-vindo, disse ele.

“O ambiente ficou muito mais favorável para os negócios.”

Em nove meses de mandato, Lula visitou mais países em viagens oficiais do que seu antecessor, Jair Bolsonaro, ao longo de quatro anos, segundo o jornal Valor Econômico.

Esteve duas vezes na Argentina e nos EUA, e visitou outros 19 países, incluindo África do Sul, Angola, China, Cuba, Espanha, Japão, Uruguai e Emirados Árabes Unidos. Uma delegação da Arábia Saudita veio ao Brasil e Lula encontrou-se com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman na reunião do G20 na Índia.

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O esforço já ajudou a atrair investimento estrangeiro. O fundo soberano PIF, da Arábia Saudita, e a empresa de mineração do reino, conhecida como Maaden, comprarão participação de 10% em uma empresa criada para abrigar os ativos de metais básicos da Vale.

E o Engine No. 1, um fundo ativista americano com foco em investimentos de impacto, comprará uma participação de 3%. O valor total acordado foi de US$ 3,4 bilhões.

A Abu Dhabi National Oil Company, ou Adnoc, a empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, fez uma oferta para comprar o controle acionário da gigante petroquímica brasileira Braskem, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

“O real está estável, o risco-Brasil caiu e isso é uma boa notícia para os investidores estrangeiros que desejam colocar seu dinheiro no Brasil”, disse Wainstein.

A Seneca Evercore assessorou diversas transações em que empresas sediadas fora do Brasil compraram companhias no país, disse Wainstein. Isso inclui a aquisição da Sinqia (SQIA3), fornecedora de software para o setor de serviços financeiros, pela Evertec, com sede em Porto Rico.

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