Bloomberg — O Deutsche Bank nomeou Luis Mendes como novo presidente para o Brasil como parte do seu objetivo de expansão na América Latina.
Mendes, que é brasileiro, se mudará de Nova York de volta para São Paulo, onde deverá também desempenhar um papel no crescimento da franquia global do Deutsche de mercados emergentes na América Latina, disse Stefan Simon, responsável pelas Américas e membro do conselho de gestão.
Atualmente Mendes lidera os negócios da mesa de operações do Deutsche Bank para a América Latina.
O alemão Stephan Wilken, presidente do banco no Brasil há mais de dois anos, vai regressar à Alemanha como “sempre foi o plano”, disse ele.
“Estamos trazendo mais conhecimento e capacidades locais para a região”, disse Simon, em entrevista no escritório do banco em São Paulo, onde se reunia com clientes, mas também entrevistava executivos para contratação.
O Deutsche Bank está montando uma equipe local no Brasil e no México para originação de negócios e assessoria em fusões e aquisições para se reportar aos codiretores da equipe de cobertura da América Latina, Esra Turk em Londres e o recentemente contratado Javier Vargas em Nova York.
Em agosto, Alejandro Ortega ingressou no banco como chefe de originação e assessoria para o México.
O banco também está contratando para ter uma “presença bastante forte no Brasil, uma equipe adequada”, incluindo managing directors, diretores e executivos juniores, disse Simon, que não quis fornecer números.
Em abril, o banco contratou cinco managing directors do Credit Suisse, com foco na América Latina, para ficarem em Nova York para a plataforma de cobertura do banco de investimento, incluindo Vargas.
“Esse não é um tema latino-americano mas uma abordagem global”, disse. “Queremos que o Deutsche Bank fortaleça globalmente as suas linhas de negócios baseadas em comissões e capital-light”, disse Simon, acrescentando que a anunciada aquisição de uma corretora no Reino Unido faz parte deste processo.
A ideia é fazer isso de “forma anticíclica”, disse ele. “Queremos integrar e desenvolver essas equipes e essas capacidades na originação e assessoria, especialmente em fusões e aquisições, mercados de capitais de renda fixa e variável, enquanto o mercado não está aquecido, e dessa forma estar preparados quando o mercado voltar com força em 2024.”
Sujeito à aprovação regulatória, Mendes se reportará a Simon e a Sameen Farooqui para mercados emergentes globais para a América Latina.
Ele iniciou sua carreira no Pactual em 1990 como trader de renda fixa no Brasil e teve passagens pelo JPMorgan e pelo Morgan Stanley antes de ingressar no Deutsche Bank como chefe de macro trading no Brasil em fevereiro de 2005. Em seguida, tornou-se codiretor dos mercados globais para Brasil e mudou-se para Nova York em 2015 para liderar o negócio de mercados emergentes para a região.
“Desde a formação da plataforma global de mercados emergentes em 2019, Luis desempenhou um papel fundamental na reconstrução da franquia da América Latina, integrando-a na Ásia e na Europa”, disse Simon. Ele também fez uma contribuição valiosa para a indústria como vice-presidente do conselho da Emerging Markets Trading Association, de acordo com Simon.
O investimento do Deutsche Bank na América Latina nos últimos anos reverte um processo de encolhimento que começou em 2015.
O banco com sede em Frankfurt aumentou o seu capital no Brasil em € 200 milhões nos últimos três anos e transferiu de Nova York de volta para o Brasil as operações de renda fixa e moedas do país em 2019.
O número de funcionários no país cresceu em cada um dos últimos dois anos e agora conta com cerca de 250 pessoas contratadas em tempo integral. A receita também aumentou, mais que dobrando desde 2021.
O Deutsche Bank, que costumava ter um banco no México, relançou em 2022 um negócio de corretagem no país, centrando-se em renda fixa e negociação de moedas e derivativos, gestão de risco e soluções financeiras. O banco enviou € 100 milhões ao México em setembro de 2022. Em julho, o Citigroup fechou a aquisição da licença de entidade bancária do Deutsche Bank no México.
“Já tive reuniões com vários clientes e é interessante a dinâmica que estou vendo”, disse ele. “Dinâmica em termos de empresas estrangeiras investindo forte no Brasil,” disse.
“Há muitas gestoras de recursos de terceiros, fundos multimercado, que se construíram aqui nos últimos anos e agora buscam investimentos.” Segundo ele, existem muitas oportunidades de investimentos em infraestrutura, energias renováveis, data centers e em energia renovável.
O Deutsche Bank está liderando a venda de um empréstimo alavancado de US$ 550 milhões para a aquisição da rede de restaurantes brasileira Fogo de Chão pela Bain Capital Private Equity.
A Bain concordou em comprar a Fogo de Chão, fundada em 1979, em meados de agosto e a transação deverá ser concluída neste mês, segundo um comunicado. O banco também atuou como único coordenador global de um empréstimo de US$ 1 bilhão para a colombiana Ecopetrol.
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