Procura-se um CEO em uma das maiores empresas de petróleo do mundo

Depois da terceira saída abrupta de um presidente-executivo, a gigante global BP se vê diante do dilema de alçar alguém já da diretoria ou buscar uma contratação externa

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Bloomberg — O conselho da BP acordou na última quarta-feira (13) com a urgência de encontrar um novo CEO, o quinto em 16 anos. O então CEO Bernard Looney surpreendeu a indústria do petróleo um dia antes com sua renúncia após não ter divulgado totalmente relacionamentos passados com colegas.

A renomada produtora de petróleo e gás geralmente molda CEOs ao longo de carreiras de décadas dentro da empresa. Mas com Looney se tornando o terceiro dos últimos quatro chefes a deixar a BP abruptamente, uma contratação externa não pode ser descartada.

O presidente do conselho, Helge Lund, que lidera o comitê de nomeações da BP, disse aos funcionários em um webcast na quarta-feira que o processo de busca por um novo CEO já começou, em comentários confirmados pelo departamento de comunicação da BP.

Lund, que ingressou no conselho em 2018 após uma breve passagem como CEO do BG Group, chefiou o mesmo comitê em 2019, quando Looney foi escolhido como novo chefe da BP. O painel pode parecer muito diferente desta vez. Dos sete membros em 2019, apenas três permanecem no conselho.

A BP não conseguiu fornecer um cronograma de quanto tempo o processo de nomeação levará.

A BP disse no início desta semana que ainda não foram tomadas decisões sobre a remuneração do ex-CEO. Os detalhes de pagamento geralmente são divulgados no relatório anual da empresa, com quaisquer divulgações antes disso feitas somente conforme apropriado, disse um porta-voz da BP.

Ao contrário do processo ordenado em 2019 que culminou na nomeação de Looney, a saída repentina do CEO após menos de quatro anos no cargo significa que não havia um plano de sucessão em vigor.

A empresa também contratou headhunters externos antes da nomeação de Looney como CEO, mas ele já era o candidato principal para o cargo. Ele liderava na ocasião a divisão de exploração e produção da BP, um posto que, com frequência, leva para o cargo de CEO, e era um dos executivos de alto escalão associados de forma próxima ao visionário ex-CEO John Browne.

Entre os possíveis candidatos para se tornar o novo CEO agora, nenhum ocupa uma posição tão dominante. A seguir, alguns candidatos em potencial:

O CFO

O diretor financeiro da BP, Murray Auchincloss, foi nomeado CEO interino na terça-feira (12), após a saída imediata de Looney. O canadense entrou na BP por meio de sua fusão com a Amoco em 1998. Ele começou em sua cidade natal, Calgary, como analista de impostos, mais tarde assumindo diversos cargos em Londres, no Texas e em Aberdeen, na Escócia.

Auchincloss frequentemente equilibrava o tom expansivo de Looney com uma abordagem mais reservada aos investidores. O canadense repreendeu levemente seu CEO em uma call recente com analistas por ele fornecer muitos detalhes operacionais sobre poços de petróleo.

Como CEO interino, Auchincloss buscou tranquilizar os funcionários na quarta-feira de que a empresa pode continuar seus negócios como de costume.

“Embora a pessoa na cadeira do CEO tenha mudado, os fundamentos não mudaram”, disse ele em um webcast interno, cujos detalhes foram confirmados por um porta-voz da empresa. A equipe de liderança tem “total apoio do conselho para continuar a executar o plano que delineamos”.

O Chairman

A carreira de Helge Lund na BP é relativamente curta, tendo ingressado no conselho em 2018, mas ele possui sólidas credenciais na indústria. Ele trabalhou na norueguesa Equinor, então conhecida como Statoil, como presidente do conselho e CEO por 10 anos, de 2004. Ele serviu brevemente como CEO do BG Group em 2015, antes de a empresa concordar em se vender para a Shell um ano depois.

O Veterano

O perfil de William Lin se assemelha ao de muitos CEOs da BP em sua longevidade e abrangência. Mais recentemente, o americano de 55 anos serviu na equipe de liderança de Looney como vice-presidente executivo para regiões, empresas e soluções. Esse cargo na alta administração seguiu uma carreira profundamente enraizada nos negócios principais da BP, com mais de 20 anos de trabalho no lado operacional de projetos de petróleo e gás, da Indonésia ao Texas, passando pela Escócia e pelo Egito.

A Novata

Como a maioria das principais empresas de petróleo e gás, a BP nunca teve uma mulher no comando. Desde que se juntou no ano passado para liderar os negócios de gás e baixo carbono, Anja-Isabel Dotzenrath teve destaque na missão principal de Looney de transição para energia mais limpa. Embora elevá-la mais ainda seja uma maneira de reafirmar o compromisso da BP com um futuro com baixa emissão de carbono, sua carreira anterior em empresas de energia, como RWE Renewables e E.ON SE, lhe dá menos das raízes de petróleo e gás do que a empresa normalmente busca em seus líderes.

O Técnico

Ser o chefe da divisão de exploração e produção da BP tem sido um ponto em comum para chegar ao cargo mais alto, assim como foi para Looney. O escocês Gordon Birrell assumiu brevemente essa função quando Looney se tornou CEO, mas isso logo foi desmantelado em uma reestruturação em toda a empresa.

Birrell permaneceu na equipe de liderança da BP como vice-presidente executivo de produção e operações. Sua carreira foi em sua maioria em funções operacionais e de segurança próximas ao negócio central de petróleo e gás, incluindo quatro anos como presidente de Azerbaijão, Geórgia e Turquia. Isso, por outro lado, lhe deu menos envolvimento em projetos de baixa emissão de carbono do que alguns de seus colegas.

Os Outsiders

A BP não contratou fora da empresa para o seu cargo mais alto em sua história recente, mas, com três saídas abruptas de CEOs em menos de duas décadas, pode ser hora de reconsiderar.

Há vários ex-executivos da BP que ocupam cargos de destaque em outras indústrias, como o CEO da Rolls-Royce Holdings, Tufan Erginbilgic, que reergueu as operações deficitárias de downstream da BP antes de sair em 2020. Ou o chefe da Varo Energy BV, Dev Sanyal, cuja carreira de 32 anos na BP incluiu o cargo de comando de energia a gás e de baixa emissão de carbono.

Uma escolha ainda mais ousada poderia ser recrutar um executivo de uma empresa de petróleo dos EUA, a maioria das quais superou o desempenho das ações de seus pares europeus nos últimos anos. Essa decisão poderia convencer os investidores dos EUA do valor da BP, mas também poderia levantar questões sobre seu compromisso com a transição energética.

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