Ele fundou uma gigante da internet nos anos 90. Agora aposta em jatos hipersônicos

Steve Case, co-fundador da AOL, diz que aeronave desenvolvida em Atlanta e que pretende voar de NY a Londres em 90 minutos é exemplo da mudança geográfica necessária para a inovação nos EUA

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Bloomberg — Steve Case, co-fundador da AOL e líder da empresa de investimentos Revolution, está entusiasmado com o desenvolvimento de uma aeronave capaz de atingir o Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som) pela Hermeus. Essa aeronave hipersônica tem como objetivo viajar de Nova York a Londres em apenas 90 minutos, o que é cerca de duas vezes mais rápido do que o Concorde e cinco vezes mais rápido do que os voos atuais que atravessam o oceano.

O que empolga especialmente Case é que a Hermeus, a empresa por trás desse projeto, foi fundada por um graduado da Georgia Tech e tem sede em Atlanta, em vez dos tradicionais centros de tecnologia de Nova York ou do Vale do Silício.

Essa mudança representa uma ruptura com a crença convencional.

“O que eles estão fazendo é incrível”, disse Case na quinta-feira (14) durante um evento no Pegasus Park, um campus em Dallas para empresas de biotecnologia. Ele afirmou que a empresa está aproveitando o conhecimento e as habilidades da Georgia Tech e o fato de que Atlanta é um centro aeroespacial.

“Há uma razão para estar lá, ao contrário de dez anos atrás, quando esses graduados provavelmente sentiriam que tinham que ir para a Califórnia ou algum outro lugar para iniciar a empresa.”

A Hermeus é apenas uma parte de um argumento maior que Case tem defendido ao longo dos anos. Agora, como líder da Revolution, ele investe em lugares fora dos tradicionais centros de empreendedorismo.

É uma estratégia que parecia contraintuitiva quando todo o dinheiro estava sendo aplicado no Vale do Silício na última década, mas agora parece mais perspicaz após a pandemia de Covid-19 ter reconfigurado onde as pessoas vivem, trabalham e levantam fundos nos Estados Unidos.

“Isso acabará sendo um ponto de virada importante, em que houve uma aceleração das startups nessas cidades do ‘Rise of the Rest’”, disse Case em uma entrevista à Bloomberg News, referindo-se ao seu livro de 2022 e também ao nome de seu fundo na Revolution.

Case fundou a Revolution, com sede em Washington DC, em 2005, alguns anos depois de renunciar ao cargo de CEO da AOL, a gigante da mídia que ele construiu antes de fundir a empresa em um movimento muito criticado com a Time Warner, que deu origem a um negócio de US$ 350 bilhões.

Na última década, Case tem fortalecido a Revolution e argumentado a favor de investimentos fora dos tradicionais centros de capital de risco, realizando mais de 200 investimentos em todo os EUA.

Isso inclui a Carbon Robotics, uma empresa sediada em Seattle que utiliza inteligência artificial para ajudar os agricultores a controlar as ervas daninhas; a Meati Foods de Boulder, no Colorado; em Dallas, a Revolution apoiou a Arcade, uma plataforma para impulsionar a produtividade das equipes de vendas, e a Gig Wage.

A área da Baía de São Francisco, Nova York e Boston continuam a dominar o cenário de capital de risco. Segundo a Dealroom, essas três áreas representaram coletivamente cerca de metade do total de investimentos de venture capital em 2022.

No entanto, o Texas, que recebeu apenas 2% de todo o financiamento de capital de risco nacional há cerca de dez anos, agora está em 4%, disse Case, citando o impacto da pandemia.

A região do Sunbelt tem sido agressiva em atrair grandes corporações, frequentemente oferecendo espaço abundante, custos de vida mais baixos e impostos de renda zero.

A Tesla transferiu sua sede de Palo Alto para Austin em 2021, a empresa de software Anaplan anunciou na quarta-feira (13) que transferirá sua sede para Miami após dez anos em São Francisco, e a Oracle mudou sua sede de Redwood City para Austin em 2020.

Embora tenha havido um frenesi de manchetes em torno das grandes mudanças corporativas, o cenário de startups tem recebido menos reconhecimento em lugares como Dallas. Case afirmou que as empresas tradicionais precisarão se associar às startups para criar a futura economia digital.

“Muitas vezes vemos nas cidades uma divisão em que as startups estão de um lado, as grandes empresas, do outro, e não acontece muito no meio”, disse. “Isso é uma oportunidade perdida.”

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