UBS: time de private equity à frente de US$ 40 bi vê oportunidades de volta em tech

Queda dos valuations tornou acessíveis negócios que antes estavam supervalorizados, disse Markus Benzler, que lidera esse ‘braço’ do banco suíço, em entrevista à Bloomberg News

Time de private equity do UBS aponta setores como energia verde e alimentos entre os mais atraentes (Foto: Ore Huiying/Bloomberg)
Por Daniel Cancel
15 de Setembro, 2023 | 03:59 PM

Bloomberg — A equipe que administra a estratégia de private equity multi-gestão do UBS tem dinheiro em mãos e afirma que as oportunidades estão se abrindo depois que a captação de recursos se tornou mais difícil nos últimos 18 meses e as taxas de juros atingiram máximas de 20 anos.

O grupo, liderado por Markus Benzler, gerencia mais de US$ 40 bilhões em investimentos em tecnologia, capital de risco, real estate, infraestrutura e dívida privadas, e diz que a grande queda nos valuations tornou acessíveis negócios que antes estavam supervalorizados.

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Há “bastante” oportunidades, disse Benzler, que está baseado na Suíça, em entrevista em São Paulo durante uma viagem de captação de recursos. “As avaliações caíram e os mercados e os preços estão atrativos.”

À medida que algumas startups de tecnologia e criptomoedas perderam atratividade, a inteligência artificial recebe mais atenção, mas outras áreas, incluindo ciências da vida, energia verde, alimentos, educação, pagamentos e startups de seguros, estão no radar do UBS, disse Benzler em entrevista juntamente com Nicola Goll, que comanda o grupo de private equity multi-gestão nas Américas.

“Vemos mais acesso no lado de co-investimento”, disse Goll. “Os general partners que não tinham problema em levantar capital instantaneamente ou muito rapidamente agora estão um pouco mais cautelosos, e obtemos termos atraentes, normalmente sem taxa de gestão e sem participação nos lucros, para o fluxo de negócios decorrente da carteira existente para transações altamente atrativas.”

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O UBS (UBS) comercializa os produtos para investidores institucionais, como family offices e fundos de pensão, por meio de contas individualmente gerenciadas, bem como para estratégias de private equity ilíquido e semi-ilíquido que investem globalmente.

Benzler disse que as estratégias podem superar em 100 a 600 pontos-base líquidos, especialmente em momentos mais desafiadores. O grupo foi cauteloso durante o frenesi de gastos em capital de risco nos últimos anos, o que, segundo ele, tem dado resultado agora: não teve perdas em investimentos em capital de risco.

Embora o capital de risco represente cerca de 20% do espaço de private equity e tenha sido o mais afetado por “exageros” drásticos, o restante da indústria, desde real estate privado até infraestrutura e empréstimos, foi menos afetado apesar da base de capital reduzida, segundo Benzler.

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Benzler e Goll se recusaram a comentar especificidades sobre os fundos que gerenciam, além de dizer que ficaram surpresos com a rapidez com que conseguiram captar “uma quantia decente” de capital neste ano. Marilyn Foglia, chefe de gestão de ativos para a América Latina, também participou da viagem.

Sobre oportunidades em inteligência artificial, “todo mundo” está tentando descobrir, disse Goll. Ela citou a migração para nuvem, infraestrutura de dados e segurança como outras áreas atrativas.

O UBS tende a investir em rodadas de financiamento seed e Series A, evitando o financiamento pré-IPO. O foco está em empresas “bootstrap” que podem se tornar rapidamente rentáveis em termos de caixa e ainda registrar um forte crescimento ao reduzir o tamanho, disse ela.

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“Estamos empolgados com esta safra e os anos que virão”, disse Goll. “2021 foi um ano excepcional em termos de implementação, mas exagerado, francamente falando; fundos investiram um ciclo completo em um ano - o que não é saudável.”

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