Bloomberg — A gigante dos transportes marítimos A.P. Moller-Maersk tomou emprestado US$ 750 milhões em sua primeira venda de títulos verdes denominados em dólares, a mais recente empresa a testar o apetite dos investidores em um mercado que ainda busca se firmar e é desafiado pela pressão política.
A empresa sediada em Copenhague vendeu títulos com vencimento em 10 anos, de acordo com uma fonte a par do assunto. As notas renderão 1,65 ponto percentual acima dos títulos do Tesouro americano, após discussões iniciais de cerca de 1,9 ponto percentual, disse essa pessoa, que pediu para não ser identificada porque os detalhes são privados.
Todos os recursos da oferta ajudarão a financiar ou refinanciar ativos verdes, que podem incluir ativos fixos, despesas de capital e operacionais, bem como aquisições de empresas que obtêm pelo menos 90% de sua receita de atividades como transporte limpo e edifícios verdes, disse a pessoa.
A Maersk não quis comentar.
Os spreads - ou o prêmio adicional sobre os títulos do Tesouro dos EUA que os investidores recebem para manter uma dívida - podem ficar sob pressão devido à demanda reduzida por serviços de transporte de contêineres, pressionada pela menor renda disponível e pelos ventos contrários da recessão, escreveu o analista de crédito da Bloomberg Intelligence, Stephane Kovatchev, em uma nota na segunda (11).
“O novo título verde da Maersk enfrenta ‘nuvens cinzentas’ no setor”, escreveu o analista. “Dito isso, a posição de dívida líquida negativa da empresa dinamarquesa e o compromisso da administração com os ratings de grau de investimento continuam sendo os principais pilares de sua história de crédito no curto prazo.”
Descarbonização do transporte
A empresa emitiu seu primeiro título verde em novembro de 2021, levantando 500 milhões de euros (US$ 537 milhões) com uma nota de 10 anos. Na época, a empresa disse que os recursos seriam usados para financiar a compra planejada de oito embarcações movidas a metanol.
O esforço para descarbonizar o setor de transporte marítimo, que há muito tempo depende de óleo combustível pesado com uso intensivo de carbono, está ganhando impulso, mas ainda tem um longo caminho a percorrer, de acordo com analistas da BloombergNEF.
Empresas gigantes de contêineres, incluindo a Maersk, estão encomendando mais navios movidos a metanol, indicando que a sua versão “verde” é o combustível de baixo carbono preferido, escreveram os analistas em uma nota no mês passado.
“Agora, todos estão de prontidão enquanto o setor busca um combustível que possa ajudá-lo a limpar seu comportamento”, escreveram os analistas.
O acordo de dívida da Maersk serve como um teste para a demanda dos investidores nos EUA, em que as vendas de títulos sustentáveis despencaram em meio a uma reação política contra investimentos vinculados a metas ambientais, sociais e de governança.
Gestores de recursos estão examinando mais detidamente os instrumentos de financiamento relacionados a ESG devido à preocupação de que as empresas possam estar exagerando os benefícios dos títulos.
Como resultado, as empresas estão emitindo menos títulos verdes denominados em dólares.
As empresas levantaram cerca de US$ 32 bilhões em títulos ESG denominados em dólares este ano até 11 de setembro, uma queda de 53% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Maersk está trabalhando para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa a zero líquido até 2040, uma década antes de sua ambição inicial para 2050, disse a empresa em janeiro de 2022. Suas metas para 2030 incluem uma redução pela metade nas emissões por contêiner transportado pela frota da Maersk Ocean e uma redução de 70% nas emissões absolutas de terminais totalmente controlados, de acordo com o comunicado.
O Barclays, o Citigroup, o HSBC Holdings, o JPMorgan Chase e o Morgan Stanley administraram a venda dos títulos, disse a fonte.
- Com colaboração de Allan Lopez.
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