BHP revisa ativos brasileiros de olho em ‘minerais do futuro’ para transição verde

Revisão estratégica acontece após a compra da Oz Minerals por US$ 6,4 bilhões, que incluiu depósitos de ouro inexplorado no estado do Pará

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Bloomberg — A BHP começou uma revisão estratégica dos ativos brasileiros de cobre e ouro que assumiu com a aquisição da Oz Minerals, em meio a uma mudança de foco para os minerais essenciais para a transição energética.

A compra da Oz Minerals por US$ 6,4 bilhões incluiu um depósito de ouro inexplorado e quatro minas de cobre e ouro pequenas, mas de alta qualidade, no estado do Pará.

A BHP enxerga esses minerais do futuro, que também incluem níquel e potássio para fertilizantes, como fundamentais para seu crescimento diante da estagnação do minério de ferro e a queda dos combustíveis fósseis.

A mineradora levará de 12 a 18 meses a partir de maio, quando a transação foi fechada, para concluir a avaliação estratégica, disse Carla Wilson, chefe da mineradora no Brasil, em entrevista à Bloomberg News.

“Trata-se de compreender os recursos e as oportunidades. Nunca operamos antes no Brasil”, disse ela. “Mas é claramente uma região de commodities voltadas para o futuro, nas quais a BHP está muito focada: cobre, níquel.”

A maior aquisição da BHP em mais de uma década teve como foco a criação de um polo de cobre no sul da Austrália, ao mesmo tempo em que consolidou a posição da empresa como uma das maiores produtoras mundiais do metal.

O consumo de cobre deve aumentar com veículos elétricos e energias renováveis. No Brasil, apenas a mina Pedra Branca da Oz Minerals está em operação.

Até a aquisição, a presença da BHP no Brasil se limitava à Samarco, joint venture independente de minério de ferro com a Vale (VALE3).

A empresa ainda enfrenta as consequências do colapso de uma barragem em 2015, incluindo um processo judicial no Reino Unido e a renegociação de um acordo de indenização com as autoridades brasileiras, ambos potencialmente envolvendo bilhões de dólares.

A Samarco acabou de receber aprovação para o seu plano de recuperação judicial, numa reestruturação de dívida que durou anos, desencadeada pela catástrofe. Wilson disse que a BHP está empenhada em reparar os danos causados ​​e fazer com que a produção volte à capacidade total até 2028.

As pelotas de minério de ferro da Samarco têm um valor superior, pois são usadas para produzir aço de baixo carbono.

“Não temos intenção de vender a Samarco”, disse a executiva da BHP.

O Brasil também pode fazer parte da estratégia da BHP para seu projeto de potássio no Canadá, de US$ 5,7 bilhões. O país sul-americano é uma superpotência agrícola que importa cerca de 80% das suas necessidades de fertilizantes.

“Precisaremos encontrar mercados e também existem oportunidades potenciais para diferentes estágios desse projeto”, disse Wilson.

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