Wall Street aperta o cerco e aumenta exigência de presença nos escritórios

Bancos de investimento como Citigroup, Goldman Sachs e JPMorgan já sinalizaram que querem funcionários mais vezes - até cinco dias - por semana nos escritórios

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Bloomberg — Mais de três anos após o início da pandemia de covid-19, Wall Street ainda tenta convencer as equipes a voltarem ao escritório.

Nas recentes avaliações semestrais, gerentes do Citigroup (C) chamaram a atenção de funcionários com ausências persistentes sobre as expectativas do banco em relação ao trabalho presencial.

O Goldman Sachs (GS) também começou a reforçar a mensagem de que espera que os empregados estejam na empresa cinco dias por semana. No final deste mês, a BlackRock (BLK) vai aumentar as exigências de trabalho presencial de três dias por semana para quatro.

E funcionários do banco britânico HSBC foram informados de que devem estar em suas mesas de escritório ou com clientes três dias semanalmente a partir de outubro, confirmou um porta-voz esta semana.

“Os empregadores vão ser mais rígidos”, disse Kathryn Wylde, CEO da organização sem fins lucrativos Partnership for New York City, que tem muitos líderes de Wall Street no comitê executivo.

“Essas comunicações enviam uma mensagem de que os chefes estão prestando atenção e julgarão o desempenho dos funcionários, pelo menos em parte, com base na presença deles no escritório.”

O rumo tomado pelo setor de serviços financeiros com o trabalho remoto indica a direção para o resto da economia.

Embora os principais executivos do setor bancário tenham sido os primeiros a criticar o trabalho remoto persistente, atualmente mesmo gigantes de tecnologia, que antes prometiam flexibilidade a longo prazo, agora são mais rigorosos em suas políticas – embora poucos tenham retomado a jornada completa de cinco dias no escritório.

“Entendo perfeitamente por que alguém não queira se deslocar uma hora e meia todos os dias”, disse à revista The Economist o CEO do JPMorgan (JPM), Jamie Dimon, em entrevista publicada em julho. “Não significa que também tenham que trabalhar aqui.”

Volta aos escritórios ainda enfrenta resistência

Ainda assim, mesmo os esforços de empresas financeiras para trazer os trabalhadores de volta têm ocorrido aos trancos e barrancos e, por vezes, revertidos pelo ressurgimento de novas variantes do coronavírus.

A primeira iniciativa para convidar mais banqueiros de volta às suas mesas começou depois do feriado do dia do trabalho nos Estados Unidos em 2020, enquanto a pandemia ainda se alastrava.

Hoje em dia, menos da metade de todos os profissionais de escritório estão de volta às mesas, de acordo com a Kastle Systems, que mede a passagem de crachás em edifícios de escritórios em todo o país. Em Nova York, onde 1 em cada 11 empregos está ligado à indústria financeira, esse número caiu para 43% em agosto, mostram os dados.

Líderes dos bancos que buscam reprimir funcionários que desrespeitam políticas internas de trabalho presencial andam na corda bamba.

Entre profissionais de serviços financeiros que ainda trabalham remotamente, pelo menos meio período, dois terços afirmaram que pediriam demissão se fossem obrigados a retornar ao escritório cinco dias por semana, de acordo com pesquisa da Deloitte publicada em agosto.

“Os empregadores estão pressionando de forma mais agressiva pela volta ao escritório”, disse Neda Shemluck, diretora-gerente da Deloitte, que também atua como líder de diversidade, equidade e inclusão na prática de serviços financeiros da empresa nos EUA.

“Existe agora uma urgência para que os empregadores tenham políticas em vigor para obrigar as pessoas a retornarem ao escritório. E a realidade é que isso terá consequências muito significativas em termos de retenção.”

--Com a colaboração de Dara Doyle.

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