Bloomberg — O UBS enfrenta obstáculos ao tentar vender o negócio brasileiro de gestão de fundos imobiliários do Credit Suisse, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg News.
O gigante financeiro suíço está oferecendo no mercado a gestora de sete fundos imobiliários com R$ 11,7 bilhões em ativos a bancos e gestoras, mas os potenciais interessados estão preocupados com a possibilidade de os cotistas tomarem a gestão de pelo menos um dos fundos.
Isso poderia impactar o preço do negócio, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as negociações não são públicas.
No Brasil, os cotistas de um fundo podem convocar assembleia e alterar a equipe gestora do veículo caso tenham 25% de aprovação.
A gestora de fundos imobiliários do Credit Suisse não é uma entidade jurídica separada, o que aumenta o risco de os cotistas tomarem a gestão, disseram as pessoas. Para segregar a gestora, o UBS precisaria convocar uma assembleia de acionistas de cada um dos fundos, o que facilitaria a vida de um cotista interessado em tomar a sua gestão.
Os fundos imobiliários do Credit Suisse são negociados em bolsa e têm muitos acionistas, complicando a aprovação de quaisquer mudanças, disseram algumas pessoas.
Outro desafio envolve o acordo de confidencialidade enviado pelo UBS a possíveis interessados no negócio, que inclui condições consideradas duras demais, segundo as fontes. Uma delas é uma multa de US$ 20 milhões a um comprador que contrate funcionários do Credit Suisse ou do UBS dentro de dois anos após a aquisição, disseram as pessoas.
Os compradores também seriam proibidos de usar os atuais distribuidores dos fundos. Alguns potenciais compradores têm evitado assinar o documento devido a essas condições, entre outras, disseram as pessoas.
Os fundos do Credit Suisse investem em imóveis e títulos lastreados em crédito imobiliário no Brasil. A gestão e administração desses fundos poderiam valer de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões, disseram as pessoas. O UBS não quis comentar.
A mídia local, que noticiou anteriormente a planejada venda, disse que os possíveis interessados poderiam incluir bancos como BTG Pactual (BPAC11), Safra e XP e as gestoras Jive, SPX, Hedge Investments, Vinci, Patria e Kinea, que é do Itaú (ITUB4).
Neste mês, o volume de negócios de alguns fundos imobiliários do Credit Suisse aumentou depois que a mídia local começou a divulgar a intenção de venda.
O UBS concluiu a aquisição do Credit Suisse em junho, em um negócio intermediado pelo governo suíço depois de o seu rival quase ter entrado em colapso no começo do ano.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
UBS nomeia Alexandre de Ázara economista-chefe para o Brasil após compra do Credit
Brasil não está imune a ventos contrários de EUA e China, avalia UBS Wealth
©2023 Bloomberg L.P.