Bloomberg — Jeff Currie, o proeminente analista de commodities conhecido por fazer pronunciamentos ousados, muitas vezes otimistas, está deixando o Goldman Sachs (GS).
Currie tem sido o rosto da análise de commodities de Wall Street há quase três décadas, atraindo atenção nesse mercado por fazer previsões arrojadas, com resultados mistos.
O Goldman anunciou sua saída em um memorando aos funcionários nesta segunda-feira (7).
Currie se destacou ao prever corretamente o boom impulsionado pela China nos anos 2000 e o aumento nos preços do petróleo naquela década. Ele teve menos sorte em repetir a façanha ao esboçar razões para outro superciclo que poderia durar uma década.
Em vez de um aumento sustentado, os preços oscilaram. “Nunca estivemos tão errados por tanto tempo sem ver evidências para mudar nossas opiniões”, disse o especialista de 56 anos à Bloomberg Television em junho, pouco antes de reduzir a previsão de preço para o petróleo.
Ao longo de 27 anos no Goldman, sua posição no mercado se transformou em uma marca reconhecível. A unidade de commodities se utilizou disso para aumentar os negócios.
“Ele é um pouco ‘cientista maluco’”, disse a colega de longa data do Goldman, Colleen Foster, descrevendo-o como criativo, excêntrico e inventivo.
“Nunca houve um momento em que eu não pudesse conseguir uma reunião com um CEO, um ministro do petróleo ou um fundador de hedge fund, se Jeff Currie estivesse comigo.”
Um ávido esquiador, Currie lecionou cursos na Universidade de Chicago antes de ingressar no Goldman em 1996. Ele e outro executivo de commodities de alto escalão do Goldman estavam entre um grupo que financiou um esforço para produzir um documentário em 2010 sobre a banda de rock britânica The Kinks.
Após Currie chamar a atenção do mercado com sua previsão sobre o aumento do petróleo para três dígitos nos anos 2000, sua equipe do Goldman dobrou a aposta em maio de 2008.
Isso aconteceu apesar dos sinais de problemas que se transformaram na crise financeira, fazendo com que o petróleo caísse mais de 75% em menos de seis meses para abaixo de US$ 35 por barril. Certamente, ele previu corretamente que o petróleo atingiria cerca de US$ 85 até o final de 2009.
Ele nem sempre foi otimista. Em 2015, ele estimou que o petróleo provavelmente permaneceria baixo nos próximos 15 anos.
De qualquer forma, as opiniões de Currie são sempre seguidas de perto no mercado, incluindo por executivos de empresas cujas fortunas estão ligadas aos altos e baixos dos preços das commodities.
Suas previsões às vezes alimentaram frustração, lembrou o CEO da Cleveland-Cliffs, Lourenco Goncalves, em 2019.
“Tenho sido crítico do escritório de commodities do Goldman Sachs por anos”, disse Goncalves na época. Mas depois de perceber que finalmente concordavam sobre o minério de ferro, “eu estava pronto para dar meu apoio a Jeff Currie”.
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