Crise dos escritórios: área para locação nos EUA cai pela primeira vez

Aumento dos custos de empréstimos também pressiona muitos proprietários, o que leva a mais inadimplências de escritórios e queda nos preços

Quantidade de espaço de escritório nos Estados Unidos está diminuindo, segundo a JLL
Por John Gittelsohn
04 de Agosto, 2023 | 04:17 PM

Bloomberg — Os edifícios corporativos estão prestes a estabelecer um recorde neste ano – mas por um motivo negativo. Isso porque a quantidade de espaço de escritório nos Estados Unidos está em queda, algo que acontece pela primeira vez na série histórica.

A falta de novos lançamentos e uma abundância de espaços antigos que estão mudando de uso ou sendo destruídos irá reduzir a área total somada de espaço de escritório, de acordo com a JLL.

Menos de 465 mil metros quadrados de novos escritórios foram construídos nos Estados Unidos até agora neste ano, enquanto o equivalente a 1,4 milhão de metros quadrados foi ou destruído ou mudou de uso, muitas vezes para serem convertidos em edifícios para outras finalidades, como residenciais.

Isso marcaria o primeiro declínio líquido desde pelo menos 2000, de acordo com a JLL, acrescentando que provavelmente é o primeiro resultado negativo da história.

PUBLICIDADE

“O inventário nacional de escritórios nunca diminuiu, de fato, no passado”, disse Jacob Rowden, gerente de pesquisa de escritórios dos EUA da JLL, em um e-mail.

“Fizemos algumas estimativas no passado e acreditamos que a época em que chegamos mais perto de um inventário negativo foi durante a década de 1930, no auge da Grande Depressão.”

Embora as taxas de vacância durante a Grande Depressão provavelmente tenham excedido a média atual de 20% nos EUA, ainda houve muitas novas construções, como a abertura do Merchandise Mart, em Chicago em 1930, e o Empire State Building em Manhattan em 1931, disse Rowden.

Os escritórios se tornaram o centro do comércio global e da negociação com o advento do telégrafo, telefone e fita telegráfica. Os edifícios cresceram até o céu com a invenção do elevador e da construção de vigas de aço.

Mas o avanço da tecnologia nos últimos anos permitiu que mais pessoas trabalhassem de casa, em laptops, diminuindo a necessidade de grandes espaços corporativos físicos.

Mais escritórios estão sendo convertidos em outras propriedades

As medidas de isolamento social impostas pela pandemia agravaram essa situação, enviando os trabalhadores para casa. Agora, os funcionários têm demorado em retornar para o trabalho presencial em certas cidades e os proprietários de escritórios estão lidando com uma redução na demanda por parte dos locatários.

O aumento dos custos de empréstimos também está pressionando muitos proprietários, levando a mais inadimplências de escritórios e queda nos preços. Grandes proprietários de escritórios em Wall Street, como a Blackstone e a Brookfield Asset Management, suspenderam pagamentos em propriedades que consideram deficitárias.

PUBLICIDADE

O excesso de escritórios tem sido uma oportunidade para alguns desenvolvedores aumentarem o estoque habitacional nos Estados Unidos, que enfrenta uma escassez de longo prazo. Segundo um relatório desta semana da RentCafe, cerca de 45.000 apartamentos estão atualmente sendo convertidos a partir de antigas áreas de escritórios.

“Os últimos 12 a 24 meses têm agravado algumas das tendências existentes e nos levado ao ponto em que o inventário negativo, pelo menos por um período temporário no médio prazo, está se tornando altamente provável”, disse Rowden.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

Quais são os imóveis residenciais à venda mais caros de São Paulo

Por que escritórios mais antigos se tornaram um desafio crescente no mercado

Crise dos escritórios cria oportunidades a preços atraentes, diz Blackstone