Bloomberg — A JetBlue Airways, a Alaska Air Group e outras empresas áereas dos Estados Unidos esperavam que o crescimento da demanda de viagens no pós-pandemia aumentasse os preços das passagens aéreas neste verão no hemisfério norte. Mas, em vez disso, enfrentam dificuldades.
Os turistas mostram uma preferência incomumente forte por viagens internacionais, o que tem levado companhias com foco no mercado doméstico a oferecer descontos nos preços.
Ao mesmo tempo, muitas delas estão enfrentando custos mais altos devido a novos contratos de trabalho, interrupções de voos e inflação que cede, mas segue acima do histórico recente.
Como resultado, a JetBlue reduziu suas projeções anuais. A Southwest Airlines e outras companhias aéreas também sinalizaram que estão sob pressão - uma reversão em relação a alguns meses atrás, quando os grupos líderes do setor prometiam uma alta demanda duradoura.
Embora as vendas de passagens domésticas nos EUA possam aumentar novamente em alguns meses, com as férias incentivando as pessoas a fazer viagens mais próximas de casa, ainda foi um duro choque de realidade e um sinal de que a febre de viagens após o fim do lockdown diminui para algumas empresas.
“Se você não atende o mercado premium, se não pode contar com a fidelidade e se não voa internacionalmente, é provável que o terceiro trimestre deste ano seja decepcionante”, disse Jamie Baker, analista do JPMorgan Chase & Co (JPM), em um relatório.
Há várias razões pelas quais os turistas estão particularmente encantados com viagens ao exterior. Em particular, as restrições mais leves relacionadas à covid-19 significam que, pela primeira vez em anos, os americanos podem visitar destinos distantes sem testes caros e a ameaça de longas quarentenas.
Essa mudança foi maior do que a indústria esperava e ocorreu depois que os planos de aumentar o número de assentos disponíveis já estavam em andamento, o que pressionou os preços.
As tarifas de ida e volta nos EUA estão cerca de 11% mais baixas em comparação com 2022 e 2019 e permanecerão ligeiramente abaixo dos níveis de 2019 até o início das férias de inverno, quando as transportadoras poderão aumentar as tarifas à medida que a demanda aumenta, segundo o aplicativo de reservas Hopper.
A pressão aumenta ainda mais porque a Frontier Group Holdings, uma importante transportadora de baixo custo, aumenta a capacidade em 23% neste trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado.
O ambiente desafiador foi uma das principais razões pelas quais a JetBlue reduziu sua previsão de lucro ajustado para entre 5 centavos e 40 centavos de dólar por ação, ante a previsão anterior de até US$ 1. Também informou que não ganhará tanto neste trimestre quanto os analistas estimavam.
As tarifas que estavam “muito fortes” até junho diminuíram em relação aos níveis recordes de 2022, disse a Alaska Airlines na semana passada, mas continuam acima dos preços pré-pandemia. A empresa prevê que a receita neste trimestre ficará estável ou aumentará 3%, com uma previsão abaixo das expectativas de Wall Street.
As ações da Southwest tiveram a maior queda em quase um ano em 27 de julho, depois que a empresa alertou que custos mais altos do que o esperado pressionariam os ganhos. A companhia aérea sediada em Dallas ofereceu, pela primeira vez, um acordo de compra de uma passagem com 50% de desconto no segundo bilhete. A promoção de três dias era válida para viagens em agosto e setembro.
A Spirit Airlines, a maior companhia que pratica descontos maiores, divulgará os resultados do segundo trimestre nesta quinta-feira (3).
As diferenças entre o desempenho dessas companhias e o das que oferecem rotas globais são marcantes. A United Airlines e a Delta Air Lines disseram que ganhariam mais neste trimestre do que os analistas esperavam. As empresas, juntamente com a American Airlines, melhoraram todas as suas previsões para o ano inteiro.
Os investidores parecem recompensar também as companhias aéreas globais, com as ações da United subindo 40% neste ano até quarta-feira (2), a Delta, 36%, e a American, 25%. Alaska e JetBlue subiram de forma mais modesta, enquanto a Southwest recuou ligeiramente e a Frontier caiu 18%.
Hayes e outros tentaram acalmar as preocupações dos investidores, sugerindo que a queda na demanda pode ser temporária, embora não tenham prometido que as vendas vão melhorar após o fim da temporada de férias de verão.
“Acreditamos realmente que grande parte da demanda vai continuar no outono e, portanto, não fizemos a suposição de que esse cenário mude antes do início do inverno”, disse o CEO da Frontier, Barry Biffle, na terça-feira (1º). “Embora eu saiba que, uma vez que chegamos a janeiro e fevereiro, é muito melhor estar na Flórida do que na maioria das partes da Europa.”
Wall Street não aposta - por ora - em uma recuperação. A analista do TD Cowen Helane Becker disse que estava cética que a demanda doméstica da JetBlue se recuperaria o suficiente até o final do ano e reduziu suas perspectivas de ganhos ajustados para a companhia aérea para o ano inteiro.
As visões das companhias aéreas de que a demanda vai se recuperar “podem acabar se mostrando corretas”, disse Conor Cunningham, analista da Melius Research, em um relatório. “Mas, no curto prazo, à medida que a capacidade da indústria está prestes a aumentar e as vendas de passagens se tornam cada vez mais comuns, o medo em relação às tarifas só vai aumentar.”
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