Por que Jamie Dimon, do JPMorgan, se tornou o CEO preferido de Wall Street

Pesquisa da Bloomberg com investidores revelou que quase 3 em cada 5 dizem preferir trabalhar para Dimon entre os líderes dos maiores bancos dos EUA

Quase 60% dos entrevistados do mercado financeiro disseram querer trabalhar para Dimon
Por Tanaz Meghjani - Marnie Muñoz
29 de Julho, 2023 | 07:30 AM
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Bloomberg — Jamie Dimon está à frente como CEO do JPMorgan (JPM) há mais de 17 anos, período em que o preço das ações do banco foi quadruplicado. Mas seu legado até aqui vai além de resultados financeiros: ele tem cativado legiões de seguidores - na vida real - com comentários sinceros e às vezes espirituosos sobre economia, medidas regulatórias e políticos.

Neste momento de lucros mais modestos em Wall Street, aumento de custos, queda nas negociações do mercado de capitais e milhares de demissões, trabalhadores de todo o setor financeiro dizem que gostariam de ter Dimon como chefe.

Quase três em cada cinco dos cerca de 600 entrevistados na mais recente pesquisa “Markets Live Pulse”, da Bloomberg, disseram que prefeririam trabalhar para Dimon entre os líderes dos seis maiores bancos dos Estados Unidos, à frente de seus pares do Bank of America, Citi, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Wells Fargo.

A pesquisa não exigiu apresentar o motivo para a escolha, mas não é surpresa que o executivo-chefe com o maior tempo de casa em Wall Street e o mais conhecido do grupo tenha atraído mais fãs.

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Isso não significa que os trabalhadores de Wall Street estão absolvendo Dimon ou outros grandes executivos de suas responsabilidades.

Quase metade dos entrevistados, que representam uma ampla gama de investidores e banqueiros nos EUA, culpam os executivos por altos custos e reduções de pessoal que estão pesando sobre a indústria.

Pesquisa questionou: Para qual CEO de banco você gostaria de trabalhar?

Dimon deu a alguns de seus próprios funcionários mais um motivo para reclamar. Juntamente com outros executivos-chefe, ele intensificou a exigência de trabalho presencial, mesmo quando grandes grupos de trabalhadores dizem que mudariam de emprego, ou já o fizeram, se os gestores os obrigassem a ir com mais frequência ao escritório.

Jane Fraser, do Citigroup (C), adota uma abordagem mais flexível em relação ao trabalho presencial. Ela é a segunda líder mais popular de Wall Street, com 13% dos votos, separada de Dimon por uma diferença praticamente tão grande quanto o prédio que o JPMorgan está construindo em Nova York.

Jane Fraser, CEO do Citigroup

Fraser, a primeira mulher a liderar um grande banco nos EUA, assumiu o cargo há pouco mais de dois anos e iniciou uma mudança cultural. Poucos dias após assumir o novo cargo, ela anunciou que a maioria dos funcionários poderia trabalhar de casa dois dias por semana.

Mas os trabalhadores do setor financeiro têm mais motivos de preocupação do que apenas os horários. Cerca de metade deles dizem que estão preocupados com a perda de emprego, com mais de um terço afirmando que está mais preocupado do que o normal.

Ao mesmo tempo, metade dos entrevistados disse esperar que os grandes bancos dos EUA se estabilizem em termos de resultados, enquanto 29% esperam que eles ganhem mais dinheiro do que nunca no segundo semestre do ano.

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James Gorman, CEO do Morgan Stanley (MS) que vem expressando otimismo, foi escolhido por 11% dos entrevistados como aquele com quem eles mais gostariam de trabalhar. No entanto o tempo para fazê-lo está diminuindo: Gorman anunciou que sua aposentadoria se aproxima.

Menos pessoas do mercado financeiro escolheram Brian Moynihan, do Bank of America (BAC), ou David Solomon, do Goldman Sachs (GS), como sua primeira opção.

Moynihan não buscou o tipo de status de celebridade como alguns de seus colegas. Em vez disso, discretamente levou o banco de volta aos trilhos após a crise financeira de 2008, com seu mantra de “crescimento responsável”.

Solomon, por sua vez, cuja persona fora do horário de trabalho inclui suas atuações como DJ de música eletrônica, tem reforçado o apoio interno após contratempos que levaram a uma queda de 58% nos lucros no último trimestre.

Solomon não fez nenhuma atuação como DJ desde o verão passado, segundo um porta-voz, que acrescentou que as ações têm ganhado terreno desde o balanço divulgado em 19 de julho.

Por fim, Charlie Scharf, do Wells Fargo, recebeu o menor número de votos. Embora o banco tenha atingido uma importante conquista, capturando a maior participação de mercado em trading e operações em anos, ele continua sendo, de longe, o menor player do grupo de Wall Street.

Enquanto isso, Scharf e sua equipe ainda estão lidando com os escândalos que se desenvolveram sob a gestão de seus antecessores.

- Com a colaboração de Max Abelson.

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