Bloomberg — O rali da Microsoft (MSFT) impulsionado pela Inteligência Artificial levou o valor das ações da gigante de tecnologia a novos recordes e impulsionou a remuneração total do CEO Satya Nadella para mais de US$ 1 bilhão.
O montante de Nadella inclui todas as remunerações que ele recebeu da Microsoft e que podem ser identificadas por meio de registros regulatórios: ações, salários, bônus e dividendos.
O valor é sustentado pelo retorno de mais de 1.000% nas ações da Microsoft desde seu primeiro dia no cargo de CEO em 2014.
Não está claro o que Nadella fez com esses ganhos e o cálculo da Bloomberg News não leva em conta despesas ou investimentos privados.
Os registros regulatórios mostram que ele doou ações no valor de US$ 20 milhões ao longo dos anos, embora não haja divulgação dos beneficiários.
Um porta-voz da Microsoft, Frank Shaw, disse por e-mail que Nadella “não possui um patrimônio líquido de um bilhão de dólares ou mais”. Ele se recusou a fazer mais comentários.
Nadella assumiu o comando da Microsoft em um momento em que muitos analistas achavam que os melhores dias da gigante da tecnologia já haviam passado.
Hoje, a empresa é a segunda maior do mundo em valor de mercado e é considerada a líder na corrida para capitalizar o avanço do desenvolvimento da Inteligência Artificial.
A jogada mais transformadora de Nadella pode ser o investimento de bilhões de dólares da empresa na OpenAI e seu bot de IA generativa ChatGPT, que um executivo sênior chamou de um “momento Windows 95″, em referência ao lançamento extremamente bem-sucedido do software há quase três décadas.
Isso catapultou a Microsoft à frente de concorrentes como a Alphabet (GOOGL) em capacidades de Inteligência Artificial e é o principal impulsionador do aumento de 50% no valor das ações este ano.
“Ele é uma pessoa bem aceita e construiu uma equipe incrível ao seu redor”, disse Sam Garg, professor associado da ESSEC Business School em Singapura. “Ele também está entre os poucos CEOs de tecnologia que não são odiados por políticos e reguladores.”
Clube exclusivo
Nadella faz parte de um clube exclusivo de executivos que acumularam fortunas de 10 dígitos de seus empregadores.
Ele percorreu um caminho semelhante ao de Tim Cook, da Apple (AAPL), o líder da única empresa no mundo que vale mais do que a Microsoft.
Ambos assumiram empresas bem-sucedidas em pontos de inflexão e tiveram que lidar com as longas sombras de fundadores aclamados. Nove anos após assumir o cargo de CEO, Cook alcançou o status de bilionário.
A maior parte da fortuna de Nadella vem de uma série de opções de ações que ele recebeu ao longo dos anos, com pagamentos vinculados tanto ao seu trabalho quanto às metas de desempenho. Periodicamente, ele vendeu algumas das ações.
O valor também leva em conta os bônus e os dividendos que ele recebeu nos últimos anos, presumindo que sejam tributados nas taxas federais mais altas.
Assim como no caso de Cook, o aumento do valor das premiações de Nadella se deve principalmente aos retornos das ações da Microsoft, incluindo os dividendos reinvestidos, desde o início de 2014.
Isso também destaca uma década de mudanças na empresa sediada em Redmond, Washington. Quando Nadella se tornou CEO, muitos viam a Microsoft como uma empresa de relevância decrescente: uma gigante conhecida pelo Windows e pelo Office tentando encontrar seu caminho em um mundo de dispositivos portáteis.
Traçar o caminho para o futuro ficou a cargo de Nadella, natural de Hyderabad, na Índia, com diplomas em engenharia elétrica e ciência da computação.
Ele começou na Microsoft em 1992 e trabalhou em software e serviços empresariais durante grande parte de sua carreira. Ele obteve um MBA fazendo aulas nos fins de semana na Universidade de Chicago, viajando de Seattle.
Ele avançou por vários cargos de liderança e eventualmente se tornou presidente do business de servidores da Microsoft.
A partir daí, ele foi escolhido como CEO após um longo processo que incluiu vários candidatos internos e externos. Ele tinha 46 anos na época.
Alguns anos antes, Nadella havia se sentado com o então CEO Steve Ballmer para sua avaliação anual. Em uma entrevista de 2014 ao jornal The New York Times, Nadella lembrou de perguntar a Ballmer como estava se saindo.
“Você não precisa me perguntar: ‘Como estou me saindo?’”, respondeu Ballmer. “Em seu nível, será bem implícito.”
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