Bloomberg Línea — Com o maior mercado de capitais e a maior economia da região, o Brasil ocupa naturalmente uma posição de destaque na lista “Os CEOs de melhor desempenho da América Latina”, elaborada pela Bloomberg Línea.
Dos 88 executivos da região analisados, 38 são de empresas brasileiras. É o maior número entre os países de origem das companhias da lista.
Entre eles, os executivos do país mais bem avaliados na lista são Roberto Monteiro, da Prio (PRIO3), Frederico Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), Roberto Sallouti, do BTG Pactual (BPAC11), Ullisses Assis, do BB Seguridade (BBSE3), Marcos Lutz, da Ultrapar (UGPA3), e Dennis Herszkowicz, da Totvs (TOTS3).
Os seis tiveram a maior pontuação entre os CEOs do país quanto à taxa de retorno total anualizado (TRA, na sigla em inglês) e foram classificados entre os 15 executivos de melhor desempenho da região.
A TRA é uma medida que leva em conta o desempenho das ações das empresas na bolsa e os dividendos pagos ao longo do período de gestão do CEO até 31 de maio de 2023. Os dados são do Terminal da Bloomberg.
Foram considerados apenas os CEOs com mais de um ano no cargo até 31 de maio.
Além dos seis CEOs mais bem classificados, a lista traz ainda nomes de executivos que lideram algumas das maiores companhias de capital aberto do país, como Eduardo Bartolomeo, da Vale (VALE3), Milton Maluhy, do Itaú Unibanco (ITUB4), Jean Jereissati Neto, da Ambev (ABEV3), Octavio de Lazari Jr., do Bradesco (BBDC4), Mario Leão, do Santander (SANB11), Harry Schmelzer Jr., da WEG (WEGE3), entre outros (veja a lista completa aqui e no fim do texto abaixo).
A Petrobras (PETR3; PETR4), empresa de maior valor de mercado do Ibovespa (IBOV), não foi incluída pois o CEO Jean-Paul Prates tem menos de um ano no cargo, uma vez que assumiu a liderança da estatal no início do ano por indicação do governo Lula.
Quem são os CEOs mais bem avaliados no Brasil
Roberto Monteiro - Prio
Roberto Monteiro ingressou na Prio (ex-PetroRio) em 2014 e, anteriormente, foi CFO da OGX e da OSX (de Eike Batista), além da empresa de logística ALL.
O ano de 2022 foi marcado por uma importante aquisição da Prio: a compra da Dommo (ex-OGX) em setembro, por US$ 180 milhões. Desde então, os papéis da empresa na B3 praticamente dobraram, para cerca de R$ 40.
Atualmente, a Prio tem cinco ativos em operação e, em 2023, a empresa divulgou crescimento de 27% em suas reservas.
Em maio, divulgou sua primeira descoberta de petróleo, como parte da segunda fase da revitalização do campo de Frade. No consolidado de 2022, a receita líquida cresceu 54%, para US$ 1,2 bilhão. Já o lucro líquido subiu 193%, para US$ 711 milhões.
Frederico Trajano - Magazine Luiza
Frederico Trajano, de 47 anos, enfrentou os desafios impostos pela pandemia implementando estratégias para melhorar os resultados financeiros da Magazine Luiza.
Ele investiu em logística e para integrar serviços aos usuários, com aquisições consideradas estratégicas ao longo dos últimos anos.
O executivo, filho da fundadora e presidente do conselho Luiza Trajano, também investiu em tecnologia para otimizar as operações, melhorar o gerenciamento de estoque e a análise de dados.
A empresa tem sido impactada pelo aumento da concorrência com players asiáticos, mas tem buscado ganhos de eficiência: reduziu despesas e conseguiu recuperar margens e rentabilidade. As ações sobem cerca de 20% neste ano.
Roberto Sallouti - BTG Pactual
CEO do BTG Pactual desde 2015, Roberto Sallouti é um veterano do banco, em que trabalha desde 1994. Nos anos recentes, esteve à frente do processo de diversificação dos negócios, para além da área de investment banking e corporate que construiu sua reputação.
Um dos principais projetos foi na plataforma digital para o investidor de varejo, seguida do banco digital.
É uma estratégia de alavancagem operacional e de diversificação de receitas que mostrou sua força no momento de desaceleração do mercado de capitais em razão das taxas de juros acima de dois dígitos. As ações acumulam ganhos de 40% em 12 meses.
Ullisses Christian Silva Assis - BB Seguridade
Desde julho de 2021 à frente da BB Seguridade, segunda maior seguradora do Brasil, Ullisses Assis acumula 22 anos como funcionário do Banco do Brasil.
O executivo tem liderado os esforços de digitalização dos processos do braço de seguros, previdência e capitalização do BB. Isso tem ampliado a venda online de seguros e o atendimento por canais digitais, além de parcerias de corretagem para ampliar a oferta de produtos e atender às novas demandas.
Tudo isso se reflete na melhora da performance. O CEO tem também alavancado o crescimento na frente de seguros rurais e de previdência.
A empresa tem apresentado resultados operacionais acima das projeções do mercado e as ações subiram mais de 20% em 12 meses até julho de 2023.
Marcos Marinho Lutz - Ultrapar
Marcos Lutz foi eleito CEO da Ultrapar em janeiro de 2022 e reeleito, em 2023, para um novo mandato de dois anos.
Desde que assumiu a presidência, a companhia aposta na estratégia de M&A, tendo adquirido no fim do ano passado a NEOgás, especializada em gás natural comprimido, e a startup de energia solar Stella.
Em abril deste ano, o grupo assinou contrato para aquisição de 50% de participação na Opla Logística Avançada, maior terminal independente de etanol do Brasil, em transação de R$ 237,5 milhões.
No consolidado de 2022, a Ultrapar obteve aumento de 24% da receita líquida, para R$ 146 bilhões, e de 108% do lucro líquido, para R$ 1,8 bilhão. Os papéis da companhia saíram de R$ 11, em julho de 2022, para cerca de R$ 19 em julho de 2023.
Dennis Herszkowicz - Totvs
Como diretor-presidente da Totvs desde novembro de 2018, Dennis Herszkowicz liderou um movimento de diversificação das receitas da companhia.
A Totvs passou a focar em novas frentes, como o fornecimento de tecnologias para o setor financeiro, e acertou um acordo com o Itaú para criar uma joint-venture de R$ 1 bilhão para atuar na área, chamada de Totvs Techfin.
O executivo ainda liderou fusões e aquisições. A mais significativa delas foi a compra da empresa de automação de marketing digital RD Station por R$ 1,86 bilhão.
A receita líquida da companhia atingiu R$ 1 bilhão no primeiro trimestre de 2023, quase o dobro do que nos primeiros três meses de 2018 (R$ 518,9 milhões), no ano em que assumiu o cargo.
Já o lucro líquido trimestral consolidado chegou a R$ 99,5 milhões, ante R$ 34,4 milhões cinco anos atrás (alta de 189%).
-- Com colaboração de Marcelo Sakate, Juliana Estigarríbia e Sergio Ripardo
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