Bloomberg — Um novo gestor pode ser o pesadelo dos funcionários nos escritórios. Essa foi a constatação de uma nova pesquisa do sistema de aprendizagem digital Oji Life Lab, que descobriu que um em cada cinco funcionários perdeu o sono por causa de um gestor recém-empossado com habilidades de liderança inadequadas.
Mais de um terço citou a ansiedade, a falta de motivação, a insônia e outros efeitos de gestores novatos despreparados como motivo para querer pedir demissão. Muitos entrevistados também perceberam que os novos gestores são fracos na redução de conflitos, na tomada de decisões e no fornecimento de feedback de qualidade, entre outras deficiências.
A Oji Life Lab, em colaboração com a Harris Research, realizou uma pesquisa com mais de 2.000 funcionários de alto escalão nos Estados Unidos em junho.
“Mesmo que você venha a se tornar um bom gestor, ainda assim terá um primeiro ano ruim”, disse Linda Hill, professora de administração de empresas da Universidade de Harvard, que estuda gestão há mais de quatro décadas. Hill trabalhou com a Oji no recente lançamento de um programa para novos gestores.
Liderar requer um conjunto de habilidades totalmente diferente, algo que os novos gestores que se destacavam em sua função anterior muitas vezes presumem já possuir, disse ela.
Mulheres e funcionários mais velhos tinham maior probabilidade de dar uma nota mais baixa aos gestores de primeira viagem. Isso pode ocorrer porque “a maioria dos novos gestores acredita que tratar as pessoas de forma justa é tratá-las da mesma maneira”, disse Hill.
“Mas esses diferentes grupos estão pensando: ‘você não está se adaptando à minha realidade’”. 40% de todas as mulheres relataram sentir ansiedade ao trabalhar para um novo gestor, o que as torna muito mais propensas do que os homens (29%) a querer deixar suas empresas.
A tarefa de liderar equipes remotas e híbridas resultou em uma série de desafios que “não eram algo que preocupava” há três anos, disse Matt Kursh, fundador e CEO da Oji Life Lab. Uma mudança cultural em direção à eficiência operacional significa que os executivos esperam que os gestores aumentem a produtividade sem aumentar o número de funcionários.
Os trabalhadores também relatam cargas de trabalho dobradas e saúde mental desgastada em meio a demissões e incerteza econômica, de acordo com uma pesquisa do aplicativo de gerenciamento de projetos Wrike. Pouco menos da metade dos líderes afirmou que está sob muita pressão para reduzir a sensação de esgotamento, que atingiu o ponto mais alto da era pandêmica no início deste ano.
Esses resultados surgiram menos de um ano depois que o escritório do Surgeon General pediu aos superiores que assumissem mais responsabilidade pelo bem-estar dos funcionários, indicando crescente conscientização de como os ambientes de trabalho tóxicos prejudicam a saúde dos funcionários.
Mesmo com a evidência cada vez maior de que os novos gestores causam tensão entre os funcionários, as empresas relutam em mudar. “A ideia de que as pessoas simplesmente aprenderão na hora, sem treinamento formal, é realmente irracional”, disse Kursh. Ele aconselha que as empresas ofereçam treinamento em habilidades gerenciais, que pode assumir a forma de workshops ou coaching individual.
“A maioria dos novos gestores acha que ser chefe é usar sua autoridade formal”, disse Hill. “Mas os dois imperativos são realmente gerenciar a si mesmo e também sua rede”.
Ela recomendou uma abordagem do tipo “aprender na função” para gestores de primeira viagem, tomando cuidado para refletir sobre os erros cometidos, exercer influência em vez de poder autoritário e aproveitar as conexões no local de trabalho para obter aconselhamento e orientação.
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