Bloomberg — A SPX Capital, gigante da indústria de gestão independente no Brasil, apontou o país como o grande “culpado” para o desempenho abaixo do esperado de seus fundos multimercado macro ao longo dos últimos trimestres.
O fundo Raptor - uma versão com mais risco do carro-chefe Nimitz - ficou atrás de todos os 173 pares monitorados pela Bloomberg na primeira metade do ano, com recuo de 9,7% após taxas. O mês de junho foi particularmente doloroso, com o fundo registrando sua segunda maior perda mensal desde o lançamento.
O desempenho levou Rogério Xavier, sócio-fundador da gestora, a fazer um “mea-culpa” em carta a cotistas. “Nossa performance nos últimos nove meses tem sido decepcionante, para dizer o mínimo,” Xavier escreveu.
A SPX tinha uma visão construtiva para o Brasil com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a retórica inflamada do líder petista levou a um forte selloff dos ativos brasileiros no fim do ano passado.
À medida que o Congresso limitou algumas de suas propostas, os preços se recuperaram. Mas, naquele momento, Xavier diz que já havia abandonado sua convicção sobre alocações positivas em Brasil.
“No final, não soubemos separar o ruído e não demos a real importância ao controle do Legislativo pelos congressistas”, disse o fundo. “Precisamos melhorar nosso entendimento sobre o Brasil.”
Fundo long short tem performance melhor
O primeiro semestre não trouxe apenas más notícias para a SPX. O seu fundo long short SPX Hornet Equity Hedge, lançado em novembro, subiu 12,8% após taxas nos seis primeiros meses do ano, a melhor performance entre fundos “multimercado” acompanhados pela Bloomberg.
O portfólio do Hornet combina teses long e short e é predominantemente market-neutral, ou seja, sem exposição direcional.
Os fundos multimercado macro da SPX estão apostando em queda de taxas no Brasil e estão com posições relativas no mercado acionário brasileiro, segundo a carta.
O Raptor, que ainda bate 86% dos pares em um horizonte de 24 meses, também possui posições compradas no dólar contra pares não especificados. Os fundos também têm posições compradas no dólar contra pares não especificados. Outras apostas incluem posições vendidas em metais industriais, e exposição a crédito high-yield nos mercados desenvolvidos.
Xavier disse esperar juros reais positivos nas economias avançadas nos próximos dez anos e também vê uma inflação global mais persistente.
“A renda fixa será protagonista nos próximos dez ou mais anos”, escreveu Xavier, adicionando que ele não vê problemas com o modelo de negócio, time ou estratégia de expansão global da gestora.
A SPX, que foi criada há mais de uma década e tem mais de R$ 67 bilhões sob gestão, não comentou além da carta. A gestora tem quase 300 funcionários, com seis escritórios ao redor do mundo.
Os dados incluem apenas os fundos com a casca “multimercado” com mais de R$ 500 milhões em ativos e excluem aqueles com apenas um cotista. No geral, o desempenho médio do grupo foi positivo em 4,9% antes de taxas no período.
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