Morgan Stanley revela impacto da dependência do mercado de capitais em Wall St

Lucro caiu 13% no 2º trimestre com efeito de queda em trading e investment banking, além do previsto por analistas; mas gestão de patrimônio ajudou a amortecer a queda

Morgan Stanley: fraqueza do mercado de capitais mostrou o impacto nos seus resultados trimestrais (Foto: Mark Kauzlarich/Bloomberg)
Por Sridhar Natarajan
18 de Julho, 2023 | 09:56 AM

Bloomberg — As operações do Morgan Stanley (MS) em Wall Street foram impactadas pela desaceleração na atividade de trading e de banco de investimento, o que afetou o lucro do segundo trimestre.

A receita da unidade de trading caiu 22% em relação ao mesmo período do ano anterior e isso, combinado com uma queda na assessoria a negócios, levou a resultados mais fracos do que o previsto pelos analistas. A receita líquida recorde de gestão de patrimônio ajudou a amortecer o golpe.

PUBLICIDADE

A empresa com sede em Nova York também acumulou US$ 308 milhões em custos de rescisão vinculados aos mais de 3.000 empregos que eliminou no início deste ano para lidar com a prolongada seca em transações de M&A (fusões e aquisições).

“A empresa apresentou resultados sólidos em um ambiente de mercado desafiador”, disse o CEO James Gorman em comunicado nesta terça-feira (18). “O trimestre começou com incertezas macroeconômicas e atividade de clientes moderada, mas terminou com um tom mais construtivo.”

Enquanto alguns dos maiores bancos dos EUA - caso do JPMorgan (JPM) - tenham reportado ganhos que superaram as expectativas na sexta-feira passada (14) com a força de seus negócios focados no consumidor, espera-se que empresas mais dependentes de trading e transações - como o Morgan Stanley - tenham queda no lucro e na receita.

PUBLICIDADE

Analistas preveem que o Goldman Sachs (GS), que divulga seus resultados amanhã (19), pode apresentar um de seus piores trimestres em quase meia década sob o comando do CEO David Solomon.

O lucro do segundo trimestre do Morgan Stanley caiu 13%, para US$ 2,18 bilhões.

O Morgan Stanley delineou um plano no início deste ano para quase dobrar o lucro de seu “rolo compressor” de wealth management nos próximos anos. A nova meta de longo prazo do banco, de atingir mais de US$ 12 bilhões em ganhos antes dos impostos, virá de uma combinação de crescimento de ativos, mais empréstimos e mercados em expansão.

PUBLICIDADE

A unidade, que se beneficiou de uma maior receita líquida de juros neste ano como resultado do aumento das taxas, registrou receita de US$ 6,66 bilhões, alta de 16% em relação ao ano anterior.

A unidade de negociação de renda fixa do Morgan Stanley registrou US$ 1,72 bilhão em receita, aquém das estimativas dos analistas de US$ 2 bilhões. A receita com trading de ações caiu 14%, para US$ 2,55 bilhões, “principalmente impulsionada por quedas em dinheiro e derivativos devido à menor atividade de clientes e menor volatilidade nos mercados”, disse a empresa.

Os fees com a assessoria a negócios foram de US$ 455 milhões, uma queda de 24% em relação ao ano anterior devido ao menor número de transações de fusões e aquisições (M&A) concluídas. A receita de subscrição de ações foi de US$ 225 milhões, e a subscrição de renda fixa, de $ 395 milhões. Os banqueiros esperam que os mercados de capitais sejam mais robustos nos próximos meses.

PUBLICIDADE

Gorman disse em abril que a atividade de subscrição e M&A foi moderada e que não esperava uma recuperação antes do segundo semestre deste ano ou em 2024.

As ações do Morgan Stanley caíam 0,2%, para US$ 86,18, perto das 8h no horário de Nova York, nas negociações antes do pregão. E subiam 1,6% neste ano até segunda-feira.

As ações vinham superando os concorrentes quando o banco se reposicionou sob o comando de Gorman, que colocou um foco maior na expansão do negócio de gestão de patrimônio. Gorman, 65 anos, disse em maio que planejava entregar as rédeas a um sucessor dentro de 12 meses.

A corrida para substituí-lo se resumiu a três candidatos principais: Ted Pick e Andy Saperstein, os co-presidentes da empresa com sede em Nova York, além do chefe de gestão de investimentos Dan Simkowitz.

Ainda há alguns negócios inacabados para Gorman. O banco disse que está em negociações com promotores e reguladores dos EUA para resolver uma investigação sobre suas práticas de block trade. Gorman identificou o assunto como um dos itens que gostaria de tratar antes de deixar o cargo.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Da Moelis à BR Partners: boutiques crescem com demanda maior de empresas em crise

5 pontos que podem estender (ou frear) o rali de US$ 10 tri nas ações globais

Fortuna de US$ 4,5 trilhões: a unidade do JPMorgan que mira ultra-ricos globais