Bloomberg Línea — A Geração Z no Brasil está mais ansiosa, estressada e deprimida do que as anteriores.
Uma em cada quatro pessoas empregadas no país (27,7% do total) com idade até 25 anos se diz com ansiedade; a mesma proporção (27,5%), com depressão; e uma em cada três (36,5%), com estresse.
Como comparação, apenas uma pessoa em cada vinte baby boomers brasileiros (pessoas com mais de 60 anos) se diz ansiosa, uma em cada treze (7,5%), com estresse, e uma em cada onze (9%) da Geração X (idade entre 41 anos e 60 anos) apontar estar com depressão.
Os dados fazem parte de uma nova pesquisa com 24 mil pessoas conduzida pela healthtech Vittude, especializada em saúde mental, divulgada em primeira mão pela Bloomberg Línea.
“Podemos traçar um paralelo entre o aumento do desenvolvimento de transtornos mentais como esses citados pela pesquisa com o aumento de contato e familiaridade com a tecnologia”, disse Tatiana Pimenta, CEO da Vittude.
“A geração que registrou maiores índices de transtornos é também a primeira nativa digital, ou seja, que já nasceu em um ambiente completamente digital”, apontou a empreendedora.
Para Pimenta, a sobrecarga de plataformas digitais, ferramentas tecnológicas e exposição dos colaboradores a informações e demandas constantes contribuem para o aumento de casos de burnout, ansiedade e depressão. E indicam uma demanda nem sempre percebida pelas empresas.
“Não cabe mais olhar a saúde mental como um pilar de benefício oferecido aos colaboradores. O cuidado emocional precisa ser integrado e exige atenção por meio de programas para os colaboradores. Afinal, isso impacta o bem-estar, a motivação, o desempenho e a produtividade das equipes”, afirmou.
Recentemente, um estudo feito pela Cangrade, uma empresa de recrutamento com foco em inteligência artificial (IA), apontou que, em geral, os jovens não estão felizes com o trabalho. Segundo a pesquisa, 26% das pessoas com até 25 anos que já integram o mercado de trabalho estão infelizes e 17% afirmaram concordar com a afirmação “eu penso em pedir demissão” - mais do que qualquer geração.
Um dos principais motivos para essa infelicidade, segundo a Cangrade, é que a maioria dos profissionais mais jovens ainda está em cargos juniores dentro das companhias, algo obviamente esperado dada a idade mais baixa, mas com a qual essa geração não está habituada a lidar.
A empresa afirmou que a “característica de funções do nível de entrada pode criar insatisfação no trabalho”, especialmente quando se trata de funcionários que buscam desenvolvimento profissional.
Outro motivo para a insatisfação não está relacionado ao trabalho em si, mas, sim, a uma questão mais ampla.
Jovens da geração Z podem se sentir menos felizes, de acordo com pesquisas analisadas pelo The Mental Health Million Project, porque foram afetados pela disrupção causada pela covid-19, têm dívidas altas, fazem uso excessivo de redes sociais e experimentaram um aumento do custo de vida.
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