Vai viajar? Estes são os melhores hotéis do mundo, segundo a La Liste

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Bloomberg — O Belmond Hotel Cipriani, com 94 quartos, tem uma história célebre. Foi inaugurado na década de 1950 pelo inventor do coquetel Bellini, com um bar que continua a ser lendário até hoje. Tem uma piscina olímpica ao ar livre às margens do Canale di San Giorgio Maggiore, aparentemente o resultado de uma confusão entre pés e metros durante a construção. E, nesta quinta-feira (29), foi nomeado o melhor hotel do mundo por uma nova lista que dá às propriedades uma pontuação composta com base em informações compiladas de uma ampla gama de fontes.

A lista, chamada Top 1.000 World’s Best Hotels, é da empresa francesa La Liste. As listas da empresa não são resultado de um painel de jurados que realiza visitas presenciais, mas sim uma compilação de classificações de clientes em sites de reserva, avaliações publicadas em revistas de viagem, cobertura da mídia global e local, bem como outros guias de viagem. É um formato e uma metodologia semelhantes aos que a empresa usa para produzir a lista de restaurantes globais homônima, pela qual é mais conhecida.

Helene Pietrini, diretora-gerente da La Liste, disse que percebeu uma lacuna no mercado para um recurso que reunisse várias avaliações em um único lugar, que os viajantes pudessem visitar e dar asas à imaginação.

“As pessoas adoram se inspirar com hotéis classificados entre os melhores hotéis do mundo”, disse ela em entrevista. “Elas querem ver uma lista mais longa de ótimos lugares para visitar, nem sempre os mais caros”. A sustentabilidade e a exclusividade são mais importantes para alguns consumidores do que o luxo, acrescentou ela, o que explica, em parte, o fato de alguns hotéis específicos serem selecionados e destacados.

A La Liste se junta a uma área já saturada de listas e guias para viajantes, embora poucos tenham abordado especificamente os hotéis. Outras listas, por exemplo, oferecem informações sobre os melhores destinos, restaurantes, bares e companhias aéreas do mundo. Até mesmo o Guia Michelin começou como um guia de viagem, classificando restaurantes para viajantes que cruzavam a Europa.

Mas a La Liste logo ganhará um concorrente importante: em setembro, a 50 Best lançará sua própria classificação inaugural de hotéis para complementar suas influentes listas dos melhores restaurantes e bares do mundo.

As publicações geralmente ganham dinheiro por meio de patrocínios com marcas de culinária ou bebidas, cartões de crédito e empresas relacionadas a viagens. O Guia Michelin, a 50 Best e outras empresas também recebem dinheiro de municípios, estados ou agências de turismo com financiamento público, que desejam promover e dar credibilidade a seus cenários gastronômicos locais. A La Liste ainda não tem nenhum patrocinador do governo, mas não se opõe à ideia, disse Pietrini. Em um dos usos mais criativos de suas classificações, a La Liste tem uma parceria global com a Hyundai, que incorpora os restaurantes reconhecidos em seu sistema de navegação GPS e os sinaliza com um pequeno chapéu de chef.

Os hotéis selecionados pela La Liste têm uma forte tendência ao luxo, com pelo menos 80 propriedades da marca Four Seasons figurando entre as 1.600 melhores das mais de 5.000 que estarão disponíveis no aplicativo. A maioria fica nos Estados Unidos, Itália, França e Reino Unido. O Peninsula Chicago foi o melhor hotel americano da lista, outro exemplo de hotéis urbanos que estão à frente de resorts.

A lista também inclui mais hotéis europeus e hotéis em grandes cidades, sobre os quais se fala com mais frequência nos meios de comunicação globais e que recebem mais visitantes do que alguns em áreas da América do Sul ou em cidades mais remotas. No futuro, a empresa poderá adicionar hotéis mais econômicos ou casas de temporada e criar uma lista mais extensa, disse Pietrini.

Juntamente com a lista, há um conjunto de honrarias especiais decididas pelos membros da equipe da La Liste, que não são obrigados a visitar as propriedades, mas usam seu próprio julgamento para identificar tendências, cruzar fontes e conversar com seus contatos no setor. Foram concedidos prêmios a quatro hotéis por ética e sustentabilidade, incluindo o Bambu Indah, em Bali, e o Six Senses Shaharut, em Israel. Os prêmios de novatos para hotéis inaugurados no ano passado foram para o Atlantis the Royal em Dubai, o Peninsula em Istambul, o Capella em Sydney e outros.

Os hotéis novos ou que passaram recentemente por grandes reformas podem aparecer rapidamente na lista, disse Pietrini. Ela citou o Cheval Blanc em Paris, que foi inaugurado em 2021 e estava entre os que obtiveram as cinco melhores pontuações.

Na lista dos melhores hotéis, o sistema de pontuação resultou em muitos empates, com 20 hotéis compartilhando o quinto lugar. Entre eles estão o Bulgari Hotel em Dubai, o Rosewood em Londres, o Baccarat Hotel em Nova York e o Banyan Tree Mayakoba no México – todos com 98 de 100 pontos. E há quase 200 hotéis que ficaram com as 10 melhores pontuações – por exemplo, 37 empataram na 10ª posição com uma pontuação de 95,5. Para fins de comparação, o hotel brasileiro melhor colocado foi o Belmond Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu, no Paraná, com 96,5 pontos.

“É bem verdade que os hotéis são menos polarizadores do que os restaurantes”, disse Pietrini. “Recebemos o comentário interno de que as pontuações eram muito, muito próximas umas das outras no banco de dados de hotéis, um pouco mais do que no de restaurantes”.

Mas um hotel se destacou como o único primeiro colocado, disse Pietrini, ficando repetidamente em primeiro lugar enquanto a equipe testava e ajustava o algoritmo: o Hotel Cipriani. Ele venceu por pouco os hotéis empatados em segundo lugar, com uma pontuação de 99,75, superando os outros com 99,5.

Pietrini visitou o hotel para dar uma olhada por conta própria. “Entendo perfeitamente por que ele é unanimemente avaliado de forma positiva por todas as fontes”, disse ela. “É um hotel lendário e icônico. Você pode realmente sentir a história em cada detalhe da propriedade. É um hotel com uma história”.