UBS planeja cortar mais da metade dos 45 mil profissionais do Credit Suisse

Demissões de profissionais como banqueiros, traders e equipe de suporte do banco de investimento devem começar no fim de julho, segundo fontes disseram à Bloomberg News

UBS prossegue com processo de integração das operações do Credit Suisse após aquisição (Foto: Angus Mordant/Bloomberg)
Por Marion Halftermeyer - Laura Benítez - Myriam Balezou
27 de Junho, 2023 | 04:57 PM

Bloomberg — O UBS (UBS) planeja cortar mais da metade da força de trabalho de 45.000 funcionários do Credit Suisse a partir do próximo mês como resultado da aquisição emergencial do então concorrente.

Banqueiros, traders e equipe de suporte do banco de investimento do Credit Suisse em Londres, Nova York e em algumas partes da Ásia devem arcar com o peso dos cortes, com quase todas as atividades em risco, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News.

Os funcionários foram informados de que esperam três rodadas de cortes neste ano, com a primeira prevista para o final de julho e mais duas rodadas planejadas provisoriamente para setembro e outubro, acrescentaram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque os planos não são públicos.

Três meses depois que o UBS concordou em comprar o Credit Suisse em um resgate mediado pelo governo da Suíça, a extensão total dos cortes de empregos começa a ficar clara. O UBS, cuja força de trabalho combinada saltou para cerca de 120.000 pessoas quando o negócio foi fechado, disse que pretende economizar cerca de US$ 6 bilhões em custos com pessoal nos próximos anos.

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O UBS pretende reduzir o total de funcionários combinados em cerca de 30%, ou 35.000 pessoas, disseram duas das pessoas com conhecimento do assunto. Isso está amplamente alinhado com uma redução geral de cerca de 30.000 estimada por analistas da Redburn em um relatório do UBS neste mês.

As ações do UBS chegaram a subir 2% nas negociações nos Estados Unidos nesta terça (27).

Um porta-voz do UBS se recusou a comentar sobre as demissões.

A redução de pessoal no Credit Suisse piorará drasticamente o que já foi um ano sombrio para os empregos no setor financeiro em todo o mundo, depois que bancos de investimento de Wall Street, incluindo Morgan Stanley e Goldman Sachs, anunciaram seus próprios cortes de milhares de funcionários.

Os níveis executivos da empresa combinada já mostram o domínio do UBS, como esperado. A diretoria executiva contém apenas um remanescente do Credit Suisse, Ulrich Koerner, que permanece como CEO do banco adquirido. Na principal unidade de gestão de patrimônio - wealth management -, apenas cinco das mais de duas dúzias de indicações de liderança vêm do Credit Suisse.

O CEO do UBS, Sergio Ermotti, disse que a integração vai “muito bem” em um evento em Zurique nesta terça-feira.

O UBS sinalizou no início da aquisição que pretende reduzir drasticamente os números do banco de investimento deficitário do Credit Suisse, que foi a fonte da perda de US$ 5,5 bilhões no escândalo da Archegos Capital Management em 2021.

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Deal makers e private banking são exceções

Embora o UBS tenha planejado originalmente manter os 20% principais deal makers, em particular aqueles com foco em tecnologia, mídia e telecomunicações, muitos dos banqueiros de melhor desempenho já partiram ou foram recrutados por concorrentes, disseram as pessoas.

Deutsche Bank, Jefferies Financial e Wells Fargo estão entre os concorrentes que contrataram funcionários do Credit Suisse nos últimos meses.

O UBS espera manter a maioria dos profissionais de private banking do Credit Suisse, embora muitos já tenham saído, disseram duas das pessoas. Na Ásia-Pacífico, o UBS planeja manter algumas centenas de bankers do private do Credit Suisse, elevando seu total para mais de 1.200, disseram pessoas familiarizadas com a situação à Bloomberg News no início deste mês.

Alguns bankers do private em Cingapura devem se mudar para os principais escritórios do UBS já no próximo mês, em um dos primeiros sinais concretos de que a fusão está tomando forma.

O banco também precisará manter, pelo menos no curto prazo, as pessoas responsáveis pela administração dos empréstimos estruturados do Credit Suisse a clientes ricos e dos books de derivativos de ações, disse uma das pessoas.

Com relação aos negócios domésticos, o UBS planeja tomar uma decisão no terceiro trimestre sobre se irá integrá-lo totalmente à sua própria unidade suíça ou buscar outra opção, como desmembrá-lo ou listá-lo. O destino do banco suíço tem sido amplamente observado, já que empresas e políticos com sede na Suíça expressaram preocupação com o poder de mercado que o UBS combinado exerceria.

As rodadas iniciais de reduções de empregos provavelmente excluirão aquelas relacionadas à extensa sobreposição nos negócios na Suíça, disseram as pessoas. No geral, até 10.000 empregos seriam eliminados se as duas empresas domésticas fossem unidas completamente, disse uma pessoa.

Cerca de 30% da equipe combinada do megabanco está na Suíça, mas espalhada por empresas domésticas, bem como funcionários que estão baseados no país, mas trabalham para funções corporativas ou na gestão de patrimônio e ativos.

Ermotti disse que o “cenário básico” é que o UBS retenha a unidade doméstica do Credit Suisse. Muitos funcionários, com base nos comentários de Ermotti e do presidente do conselho Colm Kelleher em reuniões e assembleias neste mês, esperam que as empresas sejam totalmente integradas, especialmente após a deterioração do braço de private banking do Credit Suisse, disseram as pessoas.

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