Apetite por risco diminui e mercados recuam com geopolítica e dados da China

Investidores acompanham os desdobramentos do levante do grupo Wagner contra a Rússia e também avaliam as previsões para o mercado acionário

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Barcelona, Espanha — Os mercados abrem a semana avaliando as implicações do motim do grupo mercenário Wagner contra Moscou. Um acordo já foi fechado entre os dois lados, mas os investidores avaliam os efeitos dessa reviravolta sobre os ativos, sobretudo no setor de energia, enquanto refletem sobre o espaço para ganhos no mercado acionário.

Os futuros de índices dos Estados Unidos operavam em queda, assim como as bolsas europeias.

Na Alemanha, o indicador de expectativas do instituto Ifo caiu para 83,6 em junho, nível mais baixo visto este ano, mostrando as dificuldades do país de se recuperar da recente recessão.

No mercado asiático, o fechamento dos índices acionários também foi negativo. O yuan caiu 0,9%, para uma mínima de sete meses de 7,2380 por dólar em Xangai nesta segunda-feira, com pessimismo sobre a recuperação econômica pesando sobre o humor dos investidores no retorno do feriado prolongado.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,692% às 5h35 (horário de Brasília). No mercado de moedas, o dólar e o euro se depreciavam pouco, enquanto a libra se apreciava. Em outro mercados, o ouro se valorizava, assim como o bitcoin.

Os contratos de petróleo WTI mostravam volatilidade, no mesmo sentido que o mercado de gás, tendo em vista o breve levante do grupo mercenário Wagner na Rússia no fim de semana, que ampliou temores em relação à produção e às exportações de gás russo.

Os contratos de gás na Europa chegaram a subir 8,4% com os investidores buscando hedge, pressionando os preços.

→ O que move os mercados hoje

⬇️ Queda à vista? O estrategista Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), vê o S&P 500 em risco de queda no curto prazo e espera que o índice termine este ano em 3.900 pontos - cerca de 10% abaixo do fechamento de sexta-feira. Além dos riscos para os lucros empresariais, Wilson mencionou em nota a piora de liquidez com níveis recordes de emissão do Tesouro e o menor apoio fiscal.

🏦 BCE reunido. As autoridades do Banco Central Europeu (BCE) se reúnem em Sintra (Portugal) nesta semana para deliberar sobre choques de oferta, política fiscal, balanço patrimonial e as tendências macroeconômicas. Os presidentes do Fed, do BoE e do Banco do Japão também participam do encontro - que é a versão europeia do Jackson Hole, o simpósio anual do Fed.

📈 Inflação rebelde. No Reino Unido, o governo está lutando com uma inflação crescente e ameaça reprimir a especulação corporativa e fazer outra rodada de cortes nos salários do setor público. O chanceler do Tesouro, Jeremy Hunt, discute com reguladores esta semana sobre o que fazer para acabar com a chamada “ganância”, à medida que as empresas aproveitam a crise para aumentar a margem de lucro.

🔍 Supervisão bancária. A governadora do Fed, Michelle Bowman, avalia que os bancos norte-americanos precisam de uma melhor supervisão, em vez de requisitos de capital mais altos, que podem prejudicar os empréstimos e a concorrência. O presidente do Fed disse ao Congresso na quinta-feira (22) que os maiores credores dos EUA podem ter que aumentar em cerca de 20% suas reservas de capital.

🛒 Inovação no varejo. A JD. com, segundo maior varejista online da China, vai criar o que chama de “varejo inovador”, reunindo seu mercado digital de alimentos frescos e mercearia 7Fresh com outros serviços online, como a plataforma de compras em grupo Pinpin e serviços sob demanda, segundo a Bloomberg. A empresa se move para criar sete empresas com valores de mercado de pelo menos US$14 bilhões cada.

💵 Oferta estratégica. As ações da JSR Corp, maior fabricante de um componente essencial para a fabricação de chips, dispararam 22% após um relatório indicar que a Japan Investment Corp, apoiada pelo governo, pode fazer uma oferta pela empresa ainda neste ano para comprá-la por cerca de US$7 bilhões.

⬆️ Expansão de chips. Um grupo de credores liderado pela Apollo Global Management (APO) está emprestando até US$2 bilhões para a Wolfspeed (WOLF) para apoiar a expansão da fabricante de semicondutores nos Estados Unidos, segundo a Bloomberg. O financiamento foi estruturado como notas garantidas de sete anos que carregam um cupom de 9,875% e podem ser pagas após três anos.

🇨🇳 Consumo em baixa. O consumo chinês continua perdendo força, conforme novos indicadores do país, com redução de gastos em vários setores, aumentando a expectativa por incentivos do governo. Os gastos com viagens durante o recente feriado foram menores do que os anteriores à pandemia, a venda de casas também está abaixo e as estimativas para as vendas de carros em junho mostraram uma queda de 5,9% em relação ao mesmo mês de 2022.

🟢 As bolsas na sexta-feira (23/06): Dow Jones Industrials (-0,65%), S&P 500 (-0,77%), Nasdaq Composite (-1,01%), Stoxx 600 (-0,34%), Ibovespa (+0,04%)

As bolsas interromperam a série de ganhos semanais que vinham registando desde março, dado o receio de novos aumentos de juros enquanto dados da Alemanha e da França ampliaram temores de uma recessão na Europa. Já o bitcoin continuou subindo.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Atividade das Empresas-Fed Dallas/Jun

Europa: Reino Unido (Pesquisa CBI de Varejo e Distribuição/Jun, Índice BRC de Preços no Varejo); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Jun); Espanha (IPP)

Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes)

América Latina: Brasil (Boletim Focus, Confiança do Consumidor-FGV/Jun, Transações Correntes/Mai, Investimento Estrangeiro Direto/Mai); México (Atividade Econômica/Abr)

Bancos centrais: Fórum do BCE sobre BCs,Discurso de Christine Lagarde-BCE e Relatório Mensal do Bundesbank

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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