J&F, dos irmãos Batista, avalia oferta em dinheiro pela Braskem, dizem fontes

Discussões ainda informais preveem uma proposta com pagamento à vista por toda a fatia da Novonor (ex-Odebrecht); J&F e Novonor não quiseram comentar

Planta industrial da Braskem, que está sendo disputada por diferentes grupos empresariais (Foto: Luke Sharrett/Bloomberg)
Por Cristiane Lucchesi - Tatiana Freitas
23 de Junho, 2023 | 08:09 PM

Bloomberg — A J&F, holding da gigante de carnes JBS (JBSS3), está avaliando se faz uma proposta para adquirir o controle da produtora brasileira de petroquímicos Braskem (BRKM5), segundo pessoas a par do assunto que falaram à Bloomberg News.

A empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista está em discussões informais sobre uma oferta que incluiria o pagamento à vista em dinheiro por toda a participação da Novonor (ex-Odebrecht), maior acionista da Braskem, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.

A proposta, se apresentada, não incluiria a participação da Petrobras (PETR3, PETR4), segundo maior acionista na petroquímica, disseram as pessoas. A J&F há muito tempo cobiça a Braskem e agora voltou a cogitar uma oferta após dois outros possíveis compradores tornarem públicas suas ofertas nos últimos dois meses.

Mas a repentina onda de interesse pode colocar o preço fora da zona de conforto da J&F, disseram as pessoas. A holding estava mais entusiasmada com um negócio quando as ações da Braskem estavam perto de R$ 20 do que agora, quando as ações estão em torno de R$ 30, disse uma das pessoas.

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Diferentemente das outras propostas, a oferta que a J&F contempla pagaria os credores da Novonor integralmente e em dinheiro, o que seria mais atraente para eles, disseram as pessoas. O preço que a J&F pagaria ainda está em discussão, segundo as pessoas.

J&F e a Novonor não quiseram comentar.

A participação de 38,3% da Novonor na Braskem está nas mãos dos credores, pois essas ações foram usadas como garantia em empréstimos de mais de R$ 14 bilhões que não foram pagos durante um amplo escândalo de corrupção em que a empresa, anteriormente conhecida como Odebrecht, esteve envolvida.

A Novonor vem sendo pressionada por seus credores a vender a participação na Braskem há anos. Em maio, a Apollo Global Management associou-se à Abu Dhabi National Oil em uma oferta pelas ações da empresa petroquímica, incluindo as de propriedade da Petrobras.

A oferta ultrapassou R$ 37,5 bilhões, mas com parte significativa em títulos e warrants. No início deste mês, a petroquímica brasileira UniparCarbocloro fez uma oferta concorrente de R$ 10 bilhões para adquirir uma participação de 34,4% da Braskem da Novonor, não todos os 38,3%, o que deixaria os bancos ainda expostos ao risco, segundo as pessoas. A proposta também excluía a participação da Petrobras.

A Petrobras tem o direito de preferência em qualquer aquisição, segundo um acordo de acionistas, mas não está considerando uma oferta para comprar a Braskem porque não quer absorver a dívida de US$ 9,8 bilhões da empresa em seu balanço, disseram pessoas familiarizadas com o assunto anteriormente.

A Petrobras também não quer transformar a Braskem em uma estatal, disseram as pessoas. O governo brasileiro quer que a Petrobras continue como acionista da Braskem, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em evento no Rio de Janeiro em 16 de junho, acrescentando que o Brasil precisa continuar sendo líder no setor.

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“A indústria petroquímica é estratégica, fundamental para o crescimento do país”, afirmou.

A Petrobras detém uma participação total de 36,1% na Braskem e de 47% das ações com direito a voto, ante 50,1% da Novonor.

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