Fleury: novas parcerias com hospitais são caminho para elevar receitas, diz CEO

Jeane Tsutsui diz à Bloomberg Línea que novos acordos para serviços que vão de testes de genômica a processamento de exames vão se refletir nos resultados

Unidade do Fleury: parcerias com hospitais para o processamento de exames e prestação de outros serviços (Foto: Divulgação)
23 de Junho, 2023 | 05:15 AM

Bloomberg Línea — Em um momento de dificuldades financeiras de operadoras de planos de saúde, como Unimed-Rio e Hapvida (HAPV3), alguns dos maiores laboratórios de medicina diagnóstica do país aceleram a estratégia de diversificação de sua carteira de parcerias. É o caso do Grupo Fleury (FLRY3), que tem acertado contratos com novos hospitais em busca de aumentar sua receita nos próximos trimestres e anos.

A companhia anunciou na última semana um contrato de parceria com o Hospital Albert Einstein para atuar na prestação de serviços, como testes de genômica, análise molecular e genética. Isso será feito por meio da Gênesis Análises Genômicas, em que o Fleury terá participação majoritária e o controle. O plano de criação havia sido anunciado em dezembro de 2021.

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Em entrevista à Bloomberg Línea, a CEO do Fleury, Jeane Tsutsui, disse que operadoras de saúde com maior nível de sinistralidade enfrentam hoje um desafio e que a companhia tem trabalhado para oferecer soluções aos principais parceiros.

“Quem faz medicina diagnóstica contribui com a sustentabilidade do setor de saúde, pois atuamos na prevenção. Isso tem a ver com manter as pessoas saudáveis, para que o paciente crônico evite recorrer ao alto custo de um procedimento mais complexo”, afirmou a executiva.

A CEO do Fleury destacou o acesso de 1 milhão de vidas às diferentes marcas de laboratórios em 2022, um número com tendência contínua de crescimento com a integração da rede do Grupo Hermes Pardini, cuja fusão, originalmente anunciada em junho de 2022, foi concluída em abril.

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“Estamos conseguindo fechar novos contratos, levando soluções aos nossos parceiros. Além disso, estamos ampliando e abrindo novas unidades, sendo mais quatro em medicina diagnóstica e ortopedia no primeiro trimestre”, destacou Tsutsui.

CEO do Fleury, Jeane Tsutsui, diz que integração de Pardini colocou a receita da companhia em outro patamar

Entre os novos contratos já tornados públicos, a executiva mencionou o Hospital Nipo-Brasileiro, na cidade de São Paulo, a Unimed Santos, na Baixada Santista e os dois hospitais do Grupo Tacchini no Rio Grande do Sul (Tacchini, em Bento Gonçalves, e São Roque, em Carlos Barbosa). Outro contrato mais recente foi firmado com o Hcor, referência em cardiologia, para realização do processamento de exames laboratoriais da instituição.

“De tempo em tempo, renovamos a carteira de hospitais. Temos fechado novos contratos que não estão refletidos no resultado financeiro do primeiro trimestre. Outros ainda estão em prospeção”, disse Tsutsui.

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O grupo de medicina diagnóstica tem ampliado as soluções ambulatoriais, uma vertical chamada de “novos elos”, que oferece serviços como ortopedia, oftamologia, fertilidade e medicamentos de infusões.

“Em novos elos, crescemos 85% em 2022 e 99% no primeiro trimestre. Já corresponde a 10,2% da receita total. Estamos criando uma nova oportunidade de receita para o grupo. É um Ebitda adicional, uma receita nova, que faz parte da estratégia de oferecer uma jornada mais completa aos pacientes. Assim também ajudamos as operadoras levando uma solução ambulatorial com custo competitivo”, afirmou.

Ampliação geográfica

Outro ponto da estratégia do Grupo Fleury é ampliar a abrangência geográfica. “Entramos no Piauí organicamente. Estamos fazendo parceria para aumentar nosso posicionamento geográfico. Também conseguimos ampliar a receita por metro quadrado, sendo mais eficientes com os custos”, afirmou a CEO.

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Já o CFO da companhia, José Filippo, disse que o grupo está mais seletivo na análise de oportunidades de aquisições no mercado diante de um cenário macroeconômico ainda desafiador, com juros elevados.

Em 2021, o Fleury realizou aquisições regionais, como a compra dos tradicionais laboratórios Pretti e Bioclínico, no Espírito Santo, e de Marcelo Magalhães, em Pernambuco. Em junho do ano passado, a atual administração anunciou o grande movimento de sua estratégia de M&A: a compra do concorrente Hermes Pardini, uma combinação que tem surpreendido o mercado devido à revisão para cima do valor das sinergias previstas para serem capturadas com o negócio.

“Temos um nível de alavancagem baixo, uma estrutura de capital mais conservadora e robusta para estar atento às oportunidades. Fizemos uma rolagem de debêntures em meados de 2022. Não temos rolagem necessária para este ano. Estamos bem tranquilos com a dívida neste momento”, afirmou Filippo.

O nível de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) encerrou março em 1,2x, abaixo do nível de 1,4x no fim de 2022, destacou o executivo. No ano passado, o Fleury realizou um aumento de capital e, além disso, o nível de alavancagem de Pardini é considerado baixo, de 0,9x, disse o executivo.

Quanto ao capex (investimento), Filippo explicou que os recursos estão sendo usados na expansão de unidades, em melhorias de TI (Tecnologia da Informação) e do atendimento aos clientes, além da renovação e da manutenção do parque de equipamentos.

“A combinação de negócios com Pardini mudou nosso patamar de receita bruta em 2022, de R$ 4,8 bilhões para R$ 7,1 bilhões”, disse a CEO.

Aumento de capital de R$ 170 mi

No início de junho, o Fleury anunciou bonificação para os acionistas por meio de emissão de novas ações mediante a capitalização de parte das reservas. Os investidores receberão novas ações proporcionalmente à sua participação do total de 26 milhões de novas ações emitidas (corresponde a 1 ação nova para cada 20 ações), o que representa um aumento de capital no montante de R$ 170 milhões.

“Com o aumento do capital social e o aumento no número de ações, nosso novo preço-alvo para o papel é de R$ 21, e reiteramos a companhia como top pick do setor”, avaliou em relatório a corretora Genial Investimentos, que antes fixava um preço-alvo maior, de R$ 21,50.

Ao justificar sua recomendação de compra, Eduardo Nishio, chefe de análises da Genial, disse que a combinação com o Pardini reafirmou a tese de criação de um ecossistema completo de saúde. “O Grupo Fleury é um novo gigante do setor de saúde com mais de R$ 7 bihões em receita e R$ 1,6 bilhões de Ebitda em 2022″, escreveu.

Nesta quinta-feira (22), o papel fechou cotado a R$ 15,70, acumulando valorização de 6,73% no ano, abaixo do desempenho do Ibovespa (+ 8,38%) no período. As ações da Dasa (DASA3) caíram 24,86%.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.