Fuga de investidores de bolha de ações de IA já começou, alerta BofA

Setor de tecnologia registrou uma saída de US$ 2 bilhões, a maior em 10 semanas, nos cinco dias terminados em 21 de junho, segundo o banco norte-americano

Mercados
Por Farah Elbahrawy
23 de Junho, 2023 | 06:54 AM

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Bloomberg — Há indícios de que os investidores começaram a fugir das ações de tecnologia depois que um rali semelhante ao de 1999 formou uma “bolha bebê” em cima do hype da Inteligência Artificial (IA), de acordo com Michael Hartnett, estrategista do Bank of America (BAC).

O setor de tecnologia registrou uma saída de US$ 2 bilhões, a maior em 10 semanas, nos cinco dias de negociação terminados em 21 de junho, escreveu o BofA em uma nota, citando dados da EPFR Global. Os investidores saíram no momento em que o índice Nasdaq 100 está encaminhado para registrar o seu melhor semestre desde os últimos seis meses de 1999.

A recuperação das ações dos EUA estagnou esta semana, com os investidores digerindo a perspectiva do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a política monetária. O dirigente do Fed disse que mais aumentos nas taxas de juros podem ser necessários este ano, em um momento em que as ações estavam subindo na esperança de que os aumentos nas taxas terminassem em breve.

Hartnett disse que, apesar do grande posicionamento no mercado e da confiança dos investidores, há uma chance maior de queda do que de alta neste verão no Hemisfério Norte. Sua equipe vê uma alta máxima de 100-150 pontos contra uma baixa de 300 pontos para o S&P 500 antes do Dia do Trabalho em setembro.

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Hartnett previu corretamente a venda de ações em 2022, mas foi pego pelo lado errado neste ano - por enquanto - com suas previsões de baixa.

As ações de tecnologia tiveram o melhor semestre desde 1999, mas Hartnett e outros estrategistas alertam para quedas futuras

Também nesta semana, Chris Harvey, chefe de estratégia de ações da Wells Fargo Securities, disse que o mercado agora se assemelha ao boom tecnológico de 1999 e 2000, que não terminou até que uma política monetária mais rígida tivesse agitado as ações.

Marko Kolanovic, do JPMorgan Chase, disse que as ações dos EUA enfrentarão uma segunda metade do ano tumultuada, à medida que os impactos retardatários do aperto monetário agressivo do Fed forem atingindo a economia.

Para ter certeza, Hartnett disse que os investidores estão “presos às ações de crescimento”, como as de tecnologia, porque os bancos e os imóveis comerciais ainda “têm vibrações ruins de recessão, especialmente à luz dos novos aumentos do banco central”.

Os destaques dos fluxos semanais:

Na renda variável em diferentes regiões, as ações dos EUA tiveram a primeira saída em quatro semanas, com US$ 5,7 bilhões, enquanto a Europa teve US$ 2,6 bilhões de resgates, e os fundos de ações de ME tiveram US$ 300 milhões retirados. O Japão teve entradas de US$ 2,4 bilhões.

Ao mesmo tempo, o fluxo dos EUA teve US$ 3,7 bilhões de saídas.

Em relação aos setores, o financeiro teve as maiores entradas, enquanto o tecnológico e o de energia tiveram as maiores saídas

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- Com a colaboração de Michael Msika.

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