Inflação resiste e acende alerta sobre início amplo de alívio monetário no mundo

Banco da Inglaterra aumentou ritmo de alta do juro e teve companhia dos BCs de Suíça, Noruega e Turquia em aperto monetário nesta quinta; Powell faz alerta de novos aumentos

Inflação no Reino Unido está acima de 8% na taxa anual nos últimos meses
Por Craig Stirling
22 de Junho, 2023 | 03:57 PM

Bloomberg — A preocupação crescente de bancos centrais de que a inflação permaneça forte está levando alguns países a uma nova fase de aperto monetário, mesmo que as economias estejam já abaladas devido às altas sucessivas nas taxas de juros.

O início oficial do verão no hemisfério norte nesta semana coincidiu com dados do Reino Unido mostrando altas persistentes de preços e o aviso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que outros dois aumentos adicionais nos juros podem ser necessários.

Poucas horas depois dessa perspectiva do Fed ser apresentada ao Congresso dos EUA, tanto o Banco da Inglaterra quanto o banco central norueguês aceleraram nesta quinta-feira (22) o movimento de aperto com aumento de 0,50 ponto percentual em suas taxas – e prometeram novas altas.

As autoridades suíças mostraram que também não estão prontas para encerrar o aperto, mesmo com a inflação perto de 2%.

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O resultado disso é uma mudança de direção no sentimento neste mês de junho, que começou com a perspectiva de alívio em meio à pausa do Fed e agora está prestes a terminar em um novo estado de alerta.

O primeiro caso de necessidade de novos aumentos ao redor do mundo foi visto na Turquia, onde a inflação perto de 40% finalmente forçou a mão do presidente Recep Tayyip Erdogan a permitir o início do aperto nesta quinta-feira.

Outro caso é o Reino Unido, que está lutando para conter as altas dos preços, ainda acima de 8% ano.

“A inflação ainda está muito alta e temos que lidar com ela”, disse o comandante do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey. “Sabemos que isso é difícil – muitas pessoas com hipotecas ou empréstimos ficarão preocupadas. Mas se não aumentarmos as taxas agora pode ser pior mais tarde.”

Dados mais fortes de inflação levaram o banco central do Reino Unido a dobrar o ritmo de alta dos juros, elevando a taxa para 5% – o maior patamar em 15 anos.

Inflação continua a ser problema na Europa

O que diz a Bloomberg Economics

“A decisão do BOE de aumentar as taxas em 50 pontos base foi uma surpresa, mas é difícil argumentar que não foi justificada pelos dados. A próxima pergunta óbvia é se será a primeira de muitas?

Para isso, achamos que a inflação dos núcleos e de serviços teria que continuar subindo. Esse não é o nosso cenário base. Achamos que ambos permanecerão estáveis nos níveis atuais antes de cair de forma mais significativa durante o inverno. Isso exige mais ações, mas em altas menores.”

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— Dan Hanson, economista sênior para o Reino Unido

Longo caminho

Embora essa decisão tenha respondido ao choque de preços rígidos ao consumidor, também foi o ponto alto da mudança de marcha por parte das autoridades monetárias globais, começando com a pausa do Fed na quarta-feira passada, que também indicou um novo aperto já em julho.

“O processo de reduzir a inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer”, disse Powell ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na quarta-feira.

Na quinta-feira passada, entretanto, o Banco Central Europeu também projetou um aumento de taxa para a próxima reunião. Os membros do BCE divulgaram a perspectiva de que não seriam capazes de parar já nesta próxima reunião, embora a decisão seguinte a quase três meses de distância.

A Noruega também elevou acentuadamente sua perspectiva para o pico dos juros, o que significa que mais altas provavelmente serão necessários para conter a inflação.

“Vimos ao longo do tempo que a volatilidade e a incerteza nos mercados financeiros internacionais contribuíram para um prêmio de risco na moeda norueguesa”, disse a governadora Ida Wolden Bache em entrevista. “Esperamos que isso diminua um pouco daqui para frente, mas projetamos uma taxa de câmbio mais fraca do que em nosso relatório anterior.”

A Suíça, onde o chamado núcleo da inflação está agora abaixo do teto de 2% almejado pelas autoridades, não está se arriscando. As autoridades diminuíram o aperto com apenas um movimento de 0,25 ponto - o menor aumento até agora - mas aainda assim alertaram que ainda não terminaram.

Da mesma forma, o banco central da Turquia prometeu mais aperto, mas alertou que os passos futuros seriam graduais, de acordo com a orientação do ministro do Tesouro e Finanças, Mehmet Simsek.

Isso não foi suficiente para impressionar os mercados, que esperavam uma alta muito maior. A lira turca caiu 4,3% e os títulos em dólar do país apagaram os ganhos para negociar em baixa no dia, e o custo para garantir a dívida turca contra inadimplência usando swaps de inadimplência de crédito saltou 36 pontos-base para 529.

-- Com a colaboração de James Hirai e Onur Ant.

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