Bloomberg — O Midea Group abandonou a sua busca pela compra da Electrolux após descobrir que a fabricante sueca de eletrodomésticos não estava receptiva a um acordo, destacando as dificuldades persistentes das aquisições chinesas pelo mundo.
O grupo chinês de eletrodomésticos não conseguiu atender a todas as demandas da Electrolux e de seu principal acionista Investor, segundo pessoas com conhecimento do assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada. As empresas têm discutido os termos de uma possível transação desde que a Midea fez uma abordagem preliminar.
A Electrolux e a Investor solicitaram garantias sobre preços e questões regulatórias, com as discussões ocorrendo em um cenário de crescentes medidas protecionistas na Europa e nos Estados Unidos — mesmo que o negócio de fabricar produtos como lava-louças e geladeiras não possa ser necessariamente considerado um risco à segurança nacional.
As empresas queriam ter certeza de que qualquer aquisição prosseguiria mesmo no caso de obstáculos regulatórios, disseram as pessoas. Eles também buscavam garantias de empregos, governança e estratégia, disseram. A Investor, veículo de investimento da bilionária família sueca Wallenberg, detém uma participação de quase 18% na Electrolux e 30% de seus direitos de voto.
As ações da Electrolux saltaram no início de maio, depois que a Bloomberg News noticiou a abordagem da Midea. As ações B da empresa caíram 6,8% no início do pregão desta quinta-feira (22). As ações caíram 4,9% em Estocolmo, dando a elas um valor de mercado de cerca de US$ 3,6 bilhões.
Na ocasião da revelação do interesse, o market cap da Electrolux estava em cerca de US$ 4,3 bilhões.
Embora os planos estejam congelados por enquanto, a Midea está interessada na Electrolux há anos e não se pode descartar que a empresa chinesa revisite o acordo no futuro, disseram as pessoas.
Representantes da Electrolux e da Investor AB se recusaram a comentar, enquanto um porta-voz da Midea não pôde ser encontrado imediatamente para comentar.
A Midea, que tem sede em Foshan, na província de Guangdong, no sul da China, busca um acordo amigável para a Electrolux. A empresa não é estranha a aquisições no exterior, tendo comprado o controle acionário da unidade de eletrodomésticos da Toshiba em 2016. Ela adquiriu a fabricante de robôs alemã Kuka um ano depois, em um negócio que gerou preocupações do governo alemão.
O governo italiano teria potencialmente usado suas ferramentas existentes para intervir se a empresa chinesa tivesse tentado comprar a Electrolux, que tem uma grande presença na Itália, informou a agência de notícias Ansa no início desta semana.
A Electrolux está em processo de demitir 3.800 trabalhadores, enquanto busca cortar custos e recuperar seus negócios na América do Norte. Ela reportou ganhos no primeiro trimestre melhores do que o esperado no geral, mas ainda apresentou prejuízo líquido, com analistas apontando para fluxo de caixa negativo.
- Com a colaboração de Jonas Ekblom.
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