Avanço da digitalização no campo é prioridade, diz novo VP da BASF para o agro

Em entrevista à Bloomberg Línea, Marcelo Batistela, que assume como VP da divisão para o setor no Brasil da gigante alemã, diz que há oportunidades em soluções sustentáveis

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Bloomberg — A divisão voltada para o agronegócio da BASF gerou 10,3 bilhões de euros em receitas no mundo no ano passado. E a expectativa é que esse número cresça ainda mais nos próximos anos. Um dos mercados prioritários e que alavancam o resultado global é o brasileiro, que trocará de liderança: o executivo Marcelo Batistela assumirá como VP (vice-presidente) da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF no país, em informação antecipada pela Bloomberg Línea.

O executivo brasileiro, atualmente VP Global de Excelência de Negócios da BASF na matriz na Alemanha, vai substituir José Munhoz Felippe, que vai se aposentar. Ele tem mais de duas décadas na empresa alemã, tendo trabalhado também nos Estados Unidos e em países da América Latina.

Batistela assume a liderança da operação no Brasil em um momento de contínua transformação dos negócios da empresa nessa área. Há alguns anos, a gigante alemã do setor químico deixou de se concentrar apenas na força de longa data em defensivos agrícolas e fertilizantes, além de biológicos, e passou a investir - também por meio de aquisições - para participar e vender de forma mais abrangente na cadeia de valor, o que incluiu a entrada em áreas como genética, sementes e na digitalização da agricultura.

Os investimentos em novas soluções para a agricultura lideraram com folga os gastos em P&D (pesquisa & desenvolvimento) da BASF em 2022, respondendo por 41% do total de 2,3 bilhões de euros.

“Temos que entender os movimentos e as novas necessidades do cliente e do mercado e fazer a combinação entre os modelos de negócios que estão consolidados e ainda fazem sentido com novos elementos”, disse Batistela em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea sobre os planos. Ele citou ainda “a proximidade com o cliente e o mercado” como ação fundamental, junto com o foco e a priorização.

Ao se referir a novos modelos de negócios, o executivo - que é engenheiro agrônomo de formação - disse que avançar no processo de digitalização em diferentes frentes é uma prioridade.

“Há diferentes tipos de clientes que demandam diferentes formas de atendimento. Aquela palavra que entrou na moda, omnichanel, também se aplica ao agro: vamos perseguir a combinação de canais tradicionais, presenciais, com aqueles em que a interação com o cliente se dá por meio de canais digitais.”

Batistela disse que a frente digital, que envolve em muitos casos novas tecnologias desenvolvidas pela BASF, será acelerada para que as funcionalidades estejam mais acessíveis para os produtores. Um exemplo lançado em 2022 foi uma plataforma digital chamada Conecta.ag para integrar agricultores com distribuidores e revendedores para a negociação desde produtos até serviços financeiros.

“Há áreas prioritárias em que podemos avançar relacionadas à complexidade na tomada de decisão, em como otimizar recursos dentro da propriedade e também a produtividade. Um exemplo é a agricultura de precisão, em que há muitas soluções novas já desenvolvidas”, disse.

Outro exemplo são mapas customizados do campo gerados a partir de dados de imagens coletadas por drones, o que permite um manejo mais eficiente das plantações - essa tecnologia se dá por meio do xarvio, a marca de agricultura digital da BASF presente no Brasil e na Argentina.

Outra prioridade será explorar produtos que reduzam o impacto ambiental da produção. “Áreas de programas mais específicos de sequestro de carbono e como fazer essa medição ainda estão no começo e representam uma avenida para o desenvolvimento e para receitas”, exemplificou o executivo.

Segundo ele, em geral o Brasil já desponta à frente do mundo nessa frente em razão de práticas há muito tempo adotadas como o sistema de plantio direto, que permite o manejo sustentável do solo.

Por outro lado, Batistela disse que há muitas soluções já no mercado cujo uso pode crescer. “Há de grupos químicos com pegada de emissão até 30 vezes menores do que há vinte anos até novas variedades de soja, milho e algodão que conseguem ser muito mais eficientes em fixar carbono no solo, ou biotecnologias que reduzem o número necessário de aplicações de defensivos na plantação.”

“Voltamos de novo ao tema da digitalização: temos que traduzir toda essa variedade e complexidade de soluções para o produtor de maneira que haja simplicidade de execução”, resumiu.

- Matéria atualizada às 8h25 com a correção da informação da atuação da BASF em biológicos, que já existia há mais tempo antes da mudança mais recente de estratégia da empresa em agro.

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