Bloomberg — O Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês) da Arábia Saudita surgiu como o principal concorrente para adquirir uma participação nas operações multibilionárias de níquel e cobre da Vale (VALE3), disseram pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg News.
O PIF está em negociações avançadas com a mineradora brasileira sobre um acordo para uma participação de cerca de 10% em sua unidade de metais básicos, de acordo com as pessoas, que pediram para não serem identificadas devido a informações confidenciais. A participação pode ser avaliada em cerca de US$ 2,5 bilhões, disseram eles.
O fundo está prestes a vencer licitantes rivais, incluindo a trading japonesa Mitsui & Co e a Qatar Investment Authority, disseram as pessoas. Pode levar pelo menos várias semanas para chegar a um acordo formal, disseram as pessoas.
O PIF pode fazer o acordo com a Vale por meio de uma joint venture (JV) que o fundo montou em janeiro com a mineradora estatal saudita Maaden. A JV, criada para assumir participações minoritárias nos negócios de minério de ferro, cobre, níquel e lítio, faz parte dos esforços da Arábia Saudita para diversificar sua economia do petróleo e garantir o acesso a minerais estratégicos.
As deliberações estão em andamento e as negociações podem fracassar ou outro comprador pode surgir.
As ações da Vale caíam 2% às 10h30 em São Paulo.
Após a publicação, a Vale informou que “está buscando ativamente parceria para o seu negócio de Metais para Transição Energética, como parte de sua estratégia de atração de investimento e aceleração de crescimento do negócio”, disse a companhia em esclarecimento sobre a reportagem. A empresa diz também que “neste estágio, não pode confirmar ainda o valor de um eventual investimento nem as partes envolvidas”. “Manteremos o mercado informado conforme o processo avança”. afirma a mineradora.
Os porta-vozes do PIF e Maaden não comentaram imediatamente ou não puderam ser contatados. Representantes da Mitsui e QIA se recusaram a comentar.
Operação de metais básicos
A Vale contratou consultores no ano passado para avaliar opções para o negócio, em meio à crescente demanda por metais como cobre e níquel, que são essenciais para o impulso global para formas de energia mais limpas. A empresa sediada no Rio de Janeiro opera minas de níquel e cobre em países como Brasil, Canadá e Indonésia, muitas das quais foram adquiridas por meio da compra de US$ 17 bilhões da canadense Inco em 2006.
A Vale tem procurado separar suas valiosas minas de minério de ferro de seus negócios de metais básicos para extrair valor de ativos que a empresa considera subavaliados pelo mercado.
A criação de uma entidade de metais básicos com governança independente também permitiria à Vale posicionar melhor o negócio como fornecedora de metais para baterias durante um período de demanda crescente da transição energética.
O CEO Eduardo Bartolomeo tem buscado um parceiro estratégico com experiência para ajudar a melhorar suas operações de metais básicos. O dinheiro arrecadado com a venda ajudará a financiar cerca de US$ 20 bilhões em investimentos para acelerar o crescimento do negócio. Bartolomeo vê potencial para a unidade de metais básicos se tornar tão grande quanto a mineradora de ferro da Vale.
A Vale ainda está discutindo passos futuros para o negócio, com uma oferta pública inicial como opção no futuro.
-- Com colaboração de Grace Huang, Matthew Martin, Mariana Durao, Vinícius Andrade, Archie Hunter, Jacob Lorinc e Thomas Biesheuvel.
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