Michael Jordan vende controle do Charlotte Hornets e mostra caminho para Messi

Lenda do basquete multiplica por 10 o investimento feito há 13 anos em franquia da NBA, que pode ser seguido pelo craque do futebol em seu acordo para jogar no Inter Miami, da MLS

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Bloomberg — Michael Jordan, considerado o maior jogador de basquete de todos os tempos, decidiu vender uma participação majoritária no Charlotte Hornets, da NBA (National Basketball Association), para um grupo liderado por Gabe Plotkin e Rick Schnall por US$ 3 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

A venda encerra a trajetória de 13 anos de Jordan como proprietário majoritário da franquia, que ele comprou em 2010 por US$ 275 milhões. Ou seja, ele terá multiplicado por dez o valor investido.

A valorização do patrimônio é uma amostra do que Lionel Messi poderá conseguir com a esperada negociação de uma participação minoritária futura no Inter Miami, da MLS (Major League Soccer), seu provável destino a partir da próxima temporada.

A lenda do basquete manterá uma participação minoritária no Hornets após o acordo, de acordo com um comunicado divulgado nesta sexta-feira (16).

O acordo acontece em um momento de vendas de franquias de equipes esportivas nas ligas profissionais americanas e afirma o status da NBA entre as mais lucrativas do mundo. Suas franquias aumentaram de valor nos últimos anos, em um contexto em que algumas das pessoas mais ricas do mundo usaram sua riqueza para se tornar donos de equipes.

O bilionário Mat Ishbia concordou no ano passado em comprar mais de 50% do Phoenix Suns em um acordo recorde da NBA que avaliou a franquia em US$ 4 bilhões.

Nos Estados Unidos, todas as equipes são na verdade franquias de propriedade de pessoas e podem ser negociadas, diferentemente do modelo tradicional, por exemplo, de clubes de futebol no Brasil, que são associações sem fins lucrativos - antes do advento da SAF (Sociedade Anônima do Futebol).

Plotkin, cujo fundo hedge Melvin Capital Management implodiu após o frenesi de investidores da GameStop alimentado pelo Reddit no começo de 2021, é proprietário minoritário do Hornets desde 2019. Ele era protegido de outro titã de fundos hedge - equivalente aos fundos multimercados no Brasil - que assumiu um time esportivo americano: o New York Mets, de Steve Cohen.

Antes da implosão de sua empresa, Plotkin era um dos gestores de fundos hedge mais bem pagos dos EUA. Ele ganhou US$ 846 milhões em 2020, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Schnall, por sua vez, da empresa de private equity Clayton Dubilier & Rice, está em processo de venda de sua participação minoritária no Atlanta Hawks, outra franquia da NBA.

Outros investidores no Hornets incluem Dan Sundheim, fundador da gestora D1 Capital Partners, e Chris Shumway, que converteu sua empresa de investimentos em um family office em 2011.

Os investidores minoritários dentro do grupo incluem J. Cole, um rapper da Carolina do Norte, e Eric Church, um cantor country. A ESPN informou a venda anteriormente.

A venda do controle por MIchael Jordan significa que a NBA não tem mais um negro como dono de time. O ex-atleta do Chicago Bulls supervisionou a mudança da marca do time de basquete Charlotte de Bobcats para Hornets e tomou medidas para manter o time na cidade.

Em 2022, a cidade de Charlotte estendeu o contrato de leasing dos Hornets até 2045 e as autoridades locais concordaram com um acordo de US$ 275 milhões, em um investimento que renovaria sua arena na cidade e ajudaria a construir uma nova instalação para treino.

No entanto o time não teve muito sucesso na quadra de basquete sob o comando de Jordan como dirigente: chegou aos playoffs três vezes em 13 temporadas e não conseguiu vencer uma série de playoffs. O atleta Jordan foi seis vezes campeão da NBA pelos Bulls na década de 1990.

Estee Portnoy, executiva do family office de Jordan, se recusou a comentar.

Outras ligas também testemunham uma “enxurrada” de acordos nos últimos meses. Um grupo liderado por Rob Walton comprou o Denver Broncos, da NFL, por US$ 4,65 bilhões em junho de 2022, o maior valor já pago por uma franquia de esportes profissionais dos EUA.

O investidor Todd Boehly, por sua vez, liderou um consórcio que comprou o Chelsea, da Premier League inglesa - ou seja, no futebol, por mais de US$ 5 bilhões.

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