Por que BlackRock e Brookfield estão apostando em fazendas solares no Chile

Em 2022, usinas do tipo PMGD no Chile tinham capacidade de 2.175 MW; se todos os projetos forem aprovados, capacidade dobraria até o fim do ano

Fazendas solares no Chile
Por Valentina Fuentes - James Attwood
14 de Junho, 2023 | 12:03 PM

Bloomberg — Algumas das maiores gestoras do mundo estão reforçando as apostas em um peculiar modelo de negócios chileno que oferece preços garantidos de longo prazo para a energia produzida por pequenas usinas renováveis.

A BlackRock e a Brookfield estão entre as empresas que compram portfólios de pequenas geradoras, conhecidas como PMGDs pela sigla em espanhol.

As fazendas solares, em sua maioria, oferecem aos investidores focados no meio ambiente acesso a preços estáveis em um mercado caracterizado por excesso de oferta renovável no qual, como resultado, grandes produtores às vezes não recebem nada por suas vendas à vista.

O fluxo de recursos para as PMGDs faz parte de um “boom” de energia limpa no Chile. A abundância de vento e sol ajuda o país a liderar o ranking da BloombergNEF de mercados emergentes mais atraentes para investimentos renováveis.

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Mas, como em outros mercados, os investimentos em transmissão não acompanharam a expansão da geração. As PMGDs fornecem certa proteção contra os gargalos e distorções de preços resultantes.

“O interesse estrangeiro nos projetos de energia renovável do Chile por meio dessas pequenas unidades está aumentando, pois demonstraram ser estáveis e alavancados”, disse Jonathan Huckaby, sócio da Hudson Bankers, um dos consultores por trás da mais recente compra de portfólio pela BlackRock.

A BlackRock espera atingir 450 megawatts de capacidade em pequenas geradoras até 2024. Sua aquisição mais recente incluiu 11 projetos solares com um total de cerca de 100 megawatts da D’E Capital e outros 100 megawatts em 15 projetos do Renewable Resources Group.

A Brookfield também busca intensificar os investimentos, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg News, que não quis ser identificada.

No total, as usinas do tipo PMGD no Chile tinham capacidade instalada de 2.175 megawatts no final de 2022, ou cerca de 14% da rede, segundo o CEN, o coordenador independente do sistema.

Esse volume se compara a apenas 150 megawatts há uma década. Se todos os projetos aprovados fossem adiante, a capacidade dobraria até o fim de 2023, mostram dados da Comissão Nacional de Energia.

Projetos de 9 megawatts ou menos – algo entre a escala residencial e industrial – se qualificam para um mecanismo de estabilização de preços. Por estarem localizados mais próximos aos centros de consumo, as PMGDs também evitam grande parte dos problemas de transmissão.

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Nem todos veem como positivo a oferta de proteção contra oscilações de preços no mercado spot (à vista). O CEN diz que tais incentivos exacerbam os superávits.

A estabilização de preços “elimina o sinal econômico de custos marginais nulos em períodos de injeção excessiva de centrais solares fotovoltaicas, o que manteria o incentivo à instalação de mais projetos da mesma tecnologia”, segundo um relatório do CEN.

Cerca de 80% das pequenas unidades em operação são usinas solares fáceis de construir. Outros grandes nomes que investem nesse segmento incluem a Sonnedix e a alemã Blue Elephant Energy.

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