Bloomberg — Os principais acionistas da Americanas (AMER3) concordaram provisoriamente em manter sua participação por cerca de três anos como parte de um plano de reestruturação, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News.
O período exato de lockup das ações em poder dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira ainda está em discussão e os credores exigem que dure até 2027 como garantia de que os acionistas continuarão ajudando a resgatar a empresa, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque as negociações não são públicas. Lemann, Telles e Sicupira não quiseram comentar.
A Americanas negocia um plano de reestruturação com os bancos depois de divulgar em janeiro um rombo contábil de R$ 20 bilhões que dobrou sua dívida, provocando uma corrida dos credores para exigir o pagamento antecipado e levando ao pedido de recuperação judicial.
De acordo com o plano, o trio bilionário colocaria R$ 10 bilhões imediatamente na empresa e consideraria R$ 2 bilhões adicionais em duas parcelas separadas – uma em 2026 e outra em 2027 –, a depender da situação financeira da empresa.
Lemann, Telles e Sicupira possuem em conjunto cerca de 30% da Americanas e seu aporte via aumento de capital provavelmente aumentaria essa participação, dependendo da fatia de outros acionistas em uma oferta pública subsequente.
Os bancos também acabariam detendo participações da varejista, já que estão dispostos a aceitar um pacote de R$ 10 bilhões que inclui uma conversão de dívida em ações, disseram as pessoas. Esses credores também teriam um período de lockup de pelo menos parte de suas respectivas participações na Americanas, segundo fontes próximas ao assunto.
Um grupo de detentores de títulos locais trabalhando com advogados do escritório Felsberg, de São Paulo, prepara um documento para exigir um desconto menor sobre o valor de face de sua dívida durante o leilão reverso proposto como parte do plano, sendo 70% o ponto de partida.
Esses detentores de títulos também estão pedindo que o pacote de R$ 10 bilhões tenha uma opção de títulos não conversíveis de dívida pura.
Espera-se que a Americanas rejeite a demanda pelo desconto do leilão reverso, já que detentores de títulos globais compraram dívidas a taxas mais baratas e podem ser atraídos pela oferta atual, disse uma das pessoas. O pedido de opção de dívida pura já está sendo planejado, disse a pessoa.
O plano em discussão também prevê que os credores abram mão de seus direitos de processar a Americanas, e a Americanas abrirá mão de seus direitos de processar credores, disseram as pessoas. Mas o direito de processar os responsáveis se houver comprovação de fraude deverá ser mantido, disse uma das pessoas.
Um acordo final sobre o plano de reestruturação deve ocorrer em algumas semanas, disse uma das pessoas.
“A Americanas continua comprometida com os seus credores para a construção de um consenso sobre o plano de recuperação judicial, ainda sujeito a revisões e ajustes”, disse a empresa, acrescentando que “a companhia busca um plano que reflita visões compartilhadas e atenda às partes envolvidas”.
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