Bloomberg — A empresa do setor de agronegócio Bunge (BG) está perto de firmar um acordo para adquirir a Viterra, empresa controlada pela Glencore, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. O negócio criaria um gigante capaz de competir com as maiores empresas agrícolas do mundo.
Os acionistas da Bunge teriam uma maioria significativa no negócio, que deve ser anunciado já na segunda (12) ou terça-feira (13), disseram pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada. Cerca de 70% do pagamento seria feito em ações da Bunge, segundo uma das pessoas.
Nenhuma decisão final foi tomada e o cronograma ou a estrutura do acordo ainda podem mudar, disseram as pessoas. A Bloomberg informou pela primeira vez que as empresas estavam em negociações de fusão no mês passado.
Representantes da Bunge, Glencore e Viterra se recusaram a comentar.
A combinação dos dois negócios criará uma empresa grande o suficiente para enfrentar as duas principais companhias do setor: a Cargill, com sede em Minneapolis, e a Archer-Daniels-Midland (ADM), de Chicago.
O acordo é o ponto mais marcante da transformação promovida pelo CEO da Bunge, Greg Heckman, na empresa, que enfrentou dificuldades no passado e se tornou um campeão no setor de oleaginosas.
Durante a maior parte de sua existência, a Bunge foi principalmente um comerciante de produtos agrícolas. Sua expansão para as Américas fez com que se tornasse o B no célebre quarteto ABCD de tradings que dominavam os mercados agrícolas, que também inclui a Louis-Dreyfus.
Depois que uma aposta errada nos preços da soja resultou em uma grande perda trimestral em 2018, Heckman assumiu o comando da Bunge, cortando custos, vendendo negócios com baixo desempenho e focando na gestão de riscos.
A empresa também se beneficiou da turbulência e volatilidade do mercado causada pela guerra na Ucrânia, enquanto o crescimento do diesel renovável ajudou a sustentar os lucros.
A fusão oferecerá ao CEO da Glencore, Gary Nagle, uma maneira de extrair valor da participação de 49,99% da empresa na Viterra, que tem sinergias limitadas com suas operações mais amplas de metais, mineração e comércio.
A Glencore tem flertado com a ideia de um acordo com a Bunge há anos. Em 2017, abordou a Bunge sobre uma aquisição amigável, mas foi rejeitada publicamente.
O negócio também conta com o apoio de dois dos maiores fundos de pensão do Canadá, que têm uma participação combinada de 49,98% na Viterra, disse uma pessoa familiarizada com o assunto à Bloomberg no mês passado.
-- Com colaboração de Dylan Griffiths, Thomas Biesheuvel e Matthew Monks.
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