Como um brasileiro ascendeu à liderança global de banco de investimento do BofA

Até então à frente do Bank of America para a América Latina, Alexandre Bettamio alcançou liderança e crescimento na região mesmo com mercado de capitais mais fraco

Por

Bloomberg — O Bank of America (BAC) anunciou mudanças de liderança em sua unidade de investment banking (banco de investimento), incluindo a transferência da responsabilidade por seus negócios de serviços de transações globais (GTS na sigla em inglês) para Mark Monaco.

Monaco assumirá a responsabilidade pelo GTS, além de manter sua função atual de liderar pagamentos corporativos, disse o banco em um memorando à equipe visto pela Bloomberg News.

O banco de Wall Street anunciou uma série de outras medidas, incluindo a nomeação de Elif Bilgi Zapparoli, que recentemente foi co-diretora de mercados de capitais globais, como chefe de estratégia de clientes internacionais. O brasileiro Alexandre Bettamio foi nomeado co-head de global investment banking ao lado de Thomas Sheehan e se reportará a Matthew Koder, head de global corporate e investment banking.

A nomeação de Bettamio, então presidente do BofA para a América Latina, acontece depois de um período de crescimento dos negócios do banco na região apesar da forte desaceleração do mercado de capitais.

Em entrevista à Bloomberg News em outubro passado, o executivo contou da estratégia para o crescimento no ambiente adverso. “Sabemos que estamos em países emergentes aqui, que têm uma boa dose de volatilidade por natureza, e a região continua sendo impactada por diferentes ciclos econômicos, por isso construímos um negócio diversificado e resiliente para enfrentar essa volatilidade”, disse Bettamio em entrevista na sede do banco em São Paulo.

Na ocasião, o Bank of America apresentava expansão de sua carteira de empréstimos para a América Latina em 20% e ganho de participação de mercado em banco de investimento, ocupando o primeiro lugar em receita com comissões na América Latina e no Brasil naquele ano até 31 de agosto, de acordo com a empresa de pesquisa Dealogic, com sede em Londres.

A área de banco corporativo (corporate) tinha expansão de 64% na receita graças à abertura de novas contas de clientes, ao aumento dos depósitos e ao maior rendimento do caixa com taxas de juros globais mais altas, disse Bettamio na ocasião à Bloomberg News.

A informação sobre a nomeação de Bettamio foi publicada inicialmente pelo Valor Econômico.

Novo presidente do BofA para LatAm

O Bank of America promoveu Augusto Urmeneta a presidente para a América Latina, no cargo era até então ocupado por Bettamio, e disse que Jiro Seguchi, mais recentemente co-presidente da Ásia-Pacífico, planeja se aposentar da empresa depois de mais de duas décadas.

Faiz Ahmad, ex-head do GTS, se tornará co-head dos mercados de capitais globais ao lado de Sarang Gadkari, de acordo com o memorando.

“Aproximar essas áreas apoia nosso esforço para impulsionar ainda mais essas capacidades para nossos clientes comerciais, corporativos e institucionais nos Estados Unidos e em todo o mundo”, disse o banco com sede em Charlotte, no estado da Carolina do Norte.

Um representante do Bank of America confirmou o conteúdo do memorando.

Faiz Ahmad, que lidera o GTS desde 2017, continuará a se reportar a Matthew Koder. Mônaco se reportará a Dean Athanasia, presidente do banco regional.

Os bancos de investimento de Wall Street continuam a enfrentar um ambiente silencioso para negociações, pois preocupações macroeconômicas e mercados voláteis restringem fusões e aquisições.

O Bank of America viu sua receita de investment banking cair 20%, para US$ 1,2 bilhão, excluindo negócios com gestão própria, no primeiro trimestre, embora um aumento nos empréstimos concedidos tenha ajudado a conter a queda contínua nos negócios.

- Com a colaboração de Ruth David.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Bank of America espera recuperação dos negócios no Brasil após recuo de 60%

Citi faz novo corte e dissolve time de negociação de títulos corporativos LatAm

Fortuna de US$ 4,5 trilhões: a unidade do JPMorgan que mira ultra-ricos globais