Como o setor de energia se tornou a redenção de bancos para ofertas de ações

Projetos que preveem até R$ 70 bilhões em investimentos devem ser leiloados neste ano e no próximo, o que, por sua vez, demandará capital de empresas de transmissão

Linhas de transmissão devem demandar investimentos estimados em R$ 70 bilhões nos próximos anos (Foto: Dado Galdieri/Bloomberg)
Por Vinícius Andrade - Cristiane Lucchesi
08 de Junho, 2023 | 05:15 AM

Bloomberg — Executivos de banco de investimento apostam que os leilões de linhas de transmissão de energia devem promover uma retomada nas ofertas de ações no Brasil.

Projetos que preveem até R$ 70 bilhões em investimentos devem ser leiloados até o final de 2024 e atrair diversas empresas brasileiras de capital aberto. Essas companhias, por sua vez, provavelmente precisarão financiar seu crescimento por meio de emissão de dívida local e de ofertas de ações, segundo Felipe Thut, chefe de banco de investimento no Bradesco BBI.

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“O setor de utilities é o mais quente neste ano”, disse Thut em entrevista à Bloomberg News. “As empresas terão cerca de cinco anos após o leilão para construir as linhas e, nesse período, precisarão de dinheiro para financiar esses investimentos.”

O primeiro leilão - com nove projetos nas regiões Nordeste e Sudeste do país - está marcado para 30 de junho. Serão exigidos investimentos totais de cerca de R$ 16 bilhões, e empresas como Eletrobras (ELET3, ELET6), Equatorial (EQTL3) e Taesa (TAEE11) devem apresentar propostas, segundo analistas do Itaú BBA.

As transações seriam bem-vindas pelos bancos, após meses de atividade morna. O volume de vendas de ações de empresas brasileiras caiu pela metade neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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“O que poderemos ver até o final do ano no Brasil são ofertas de ações, inclusive iniciais [os IPOs], de setores mais resilientes, com previsibilidade de fluxo de caixa e receita”, disse Alessandro Zema, chefe de banco de investimento para América Latina e country chief para o Brasil do Morgan Stanley (MS). “O mercado ainda não está [favorável] para empresas de tecnologia.”

A Copel (CPLE6) disse no mês passado que contratou bancos para uma possível oferta de ações. A transação seria semelhante à venda de ações da Eletrobras em meados do ano passado e poderia levar à privatização da companhia, que pertence ao governo do Paraná.

A Taesa planeja uma oferta de R$ 2 bilhões à medida que se prepara para oportunidades nos leilões, segundo o Brazil Journal.

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