Tanure, maior acionista da Light, diz que votará a favor de recuperação judicial

Investidor especializado em ativos depreciados, que detém fatia de 21,8% por meio do fundo WNT, disse à Bloomberg News que dará apoio ao pedido em assembleia de acionistas

Light
Por Cristiane Lucchesi - Peter Millard
06 de Junho, 2023 | 09:28 PM

Bloomberg — O investidor Nelson Tanure disse que votará a favor do pedido de recuperação judicial da Light (LIGT3), do Rio de Janeiro, na assembleia de acionistas marcada para esta quarta-feira (7), tornando a aprovação da medida praticamente certa. O pedido foi aceito pela Justiça do Rio em 15 de maio.

“Estamos procurando uma unidade completa de direcionamento para a empresa”, disse Tanure em entrevista à Bloomberg News.

Tanure, um dos mais conhecidos investidores de ativos inadimplentes no Brasil, detém uma participação recém-montada de 21,8% na Light por meio do fundo WNT Gestora de Recursos Ltda, depois de começar a comprar ações quando elas caíram de forma mais ampla no início deste ano.

Ele agora supera Ronaldo Cezar Coelho, que tem cerca de 20%, e o bilionário Carlos Alberto Sicupira, com cerca de 10%.

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As ações da Light subiram 11,66% neste ano, mas chegaram a acumular queda da ordem de 60% no começo de abril.

A holding entrou com pedido de recuperação judicial em 12 de maio, após alegar que estava com dificuldades para pagar suas dívidas de R$ 11 bilhões e precisava de autorização do governo para aumentar as tarifas cobradas de consumidores. Três dias depois, o juiz Luiz Alberto Carvalho Alves, da 3ª Vara Empresarial da Capital do Rio, aceitou o pedido de recuperação judicial.

A decisão gerou muitos protestos dos detentores de debêntures vendidas pela empresa no mercado, que prometem uma briga judicial.

“Eles entraram com o pedido por meio da holding, que não tem dívida alguma, por causa da situação ruim da subsidiária de distribuição, que não pode recorrer ao processo de recuperação judicial pela lei brasileira”, disse à época Claudio Brandão Silveira, sócio-fundador na BeeCap, uma consultoria boutique que representa um grupo de debenturistas com cerca de R$ 5 bilhões em dívidas da Light.

O processo de recuperação judicial foi homologado pela Justiça do Rio de Janeiro em 15 de maio. No mesmo dia, a empresa informou que, para levantar caixa, estuda vender o negócio de geração, segundo seu presidente Octavio Lopes. Em uma webcast, ele acrescentou que essa venda “não é a melhor solução”.

No início deste mês, a concorrente Equatorial Energia (EQTL3) informou que estava avaliando alguns ativos da Light.

A Light enfrenta o duplo desafio de negociar com os investidores em recuperação judicial e, ao mesmo tempo, convencer o governo a renovar sua concessão em termos mais favoráveis. A empresa também precisa continuar investindo nas operações durante o período de revisão de 180 dias, caso contrário o governo provavelmente cancelará a concessão, disse Lucas Rios, analista da Fitch Ratings.

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Mesmo que a Light obtenha autorização para cobrar tarifas mais altas, não há garantia de que isso aumentará os lucros, porque poderia encorajar os clientes pagantes a começar a roubar eletricidade, disse Rios.

“Nada é simples aqui. A tarifa já está muito alta”, disse Rios. “Alguns clientes regulares podem se tornar irregulares no dia seguinte.”

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