Bloomberg — Os principais bancos centrais do mundo poderão se ver de mãos atadas para impulsionar o crescimento se a inflação se mostrar persistente, segundo a JPMorgan Asset Management, o braço de gestão de ativos do JPMorgan (JPM).
Karen Ward, estrategista-chefe de mercados para Europa, Oriente Médio e África da gestora, avalia que os investidores estão otimistas demais ao pensar que os bancos centrais cortarão juros para impulsionar a economia.
Ela aposta que o mercado terá que continuar revertendo essas apostas.
“Uma das coisas que me deixa nervosa é que o mercado se deixou levar um pouco demais pela possibilidade de que os bancos centrais podem cortar os juros preventivamente”, disse em entrevista à Bloomberg TV.
A precificação de cortes já diminuiu, e ela acha que isso deve continuar.
Dados econômicos mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos levaram os investidores a perderem a confiança de que o Federal Reserve cortará juros em breve.
Há pouco mais de um mês, os contratos de swaps de juros associados às datas de reuniões do Fed precificavam a possibilidade de corte ainda neste mês. Agora, as apostas são de pausa em junho e alta em julho.
Cada vez mais, grandes bancos estão defendendo que não haverá cortes de juros em breve.
O Goldman Sachs (GS) e o Barclays estão entre os que avisaram aos clientes que o Fed provavelmente será menos agressivo no afrouxamento da política monetária.
Algumas das maiores gestoras europeias, como Amundi e Pictet Asset Management, também apostam contra a visão do mercado de que a flexibilização ocorrerá em breve.
O presidente do Fed, Jerome Powell, há muito tempo vem desaconselhando apostas em cortes de juros, dizendo que elas não se sustentam quando se leva em conta as perspectivas para a inflação.
Embora as apostas em corte de juros implícitas nos swaps tenham recuado, os contratos ainda precificam um corte até o final do ano.
Enquanto isso, Ward alerta que o enfraquecimento das expectativas de corte de juros colocará em risco os valuations das ações de gigantes de tecnologia. Por isso, ela recomenda reduzir exposição a EUA e diversificar os portfólios com papéis de outros mercados.
A estrategista da JPMorgan Asset Management também disse que os valuations na Europa mudaram significativamente desde a pandemia e a invasão russa da Ucrânia, e ela está mais otimista com a região do que esteve durante toda a última década.
Quanto à China, as autoridades provavelmente implementarão mais estímulo econômico, porém evitando impulsionar o mercado imobiliário e de infraestrutura, dadas as preocupações persistentes nesses setores.
“Acho que eles estarão muito focados no consumidor, certificando-se de que ele seja o motor”, disse ela. “Suspeito que veremos estímulos, mas será muito diferente do passado.”
- Com a colaboração de Francine Lacqua e Liz Capo McCormick.
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